Maior oligarca russo consegue fechar acordo com Société Générale

Termos completos não foram divulgados, mas banco declarou que prejuízo será de mais de US$ 3 bilhões

Pessoa mais rica da Rússia, Potanin não foi sancionado pelo Ocidente
Por Blake Schmidt
12 de Abril, 2022 | 03:23 PM

Bloomberg — Enquanto muitos magnatas russos lutavam para transferir seus ativos e transportar seus superiates após as sanções, o homem mais rico do país, Vladimir Potanin, fazia tudo isso e muito mais.

A Interros Capital, de Potanin, que em dezembro transferiu sua sede do Chipre para a Rússia, fechou um acordo nesta segunda-feira (11) para comprar toda a participação do Société Générale (SOCGEN) no Rosbank.

É um ativo que Potanin conhece bem: ele e seu colega bilionário Mikhail Prokhorov eram donos do banco, contrataram alguns de seus executivos e tinham planos para listar a instituição em bolsa em meados dos anos 2000 antes do SocGen assumir uma posição de 10%.

Dentro de alguns anos, o credor com sede em Paris se tornou controlador da instituição, Prokhorov deixou de ser acionista e Potanin foi vendendo suas ações.

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Tem sido um período difícil para Potanin, de 61 anos, presidente da MMC Norilsk Nickel. A mineradora está enfrentando um aumento nos custos de frete e problemas com seguro e está mais difícil encontrar navios para transportar seu níquel, segundo pessoas com conhecimento da situação.

Um investimento de 90 bilhões de rublos (US$ 1 bilhão) da Interros em projetos russos destinados a turistas internacionais pode ser parcialmente suspenso. E ele vem perdendo posições ao lado da elite mundial em organizações sem fins lucrativos em Nova York que ele cultivou ao longo de décadas.

Ainda assim, a capacidade de Potanin de fazer um grande negócio com o terceiro maior banco da França destaca a diferença entre ele e outros oligarcas de sua geração: ele não foi sancionado pelos Estados Unidos, Reino Unido ou União Europeia.

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Enquanto outros bilionários como Vladimir Lisin também evitaram as penalidades, a capacidade de Potanin de usar sua fortuna de US$ 29 bilhões para fechar acordos com o Ocidente contrasta com Mikhail Fridman e Petr Aven, que disseram em entrevistas que as sanções arruinaram suas vidas.

“Uma razão pela qual o acordo é possível é que ele não está na lista de sanções”, disse Jerome Legras, sócio-gerente da Axiom Alternative Investments em Paris.

Embora os termos completos do acordo não tenham sido divulgados, o SocGen disse que levaria um prejuízo de cerca de 3 bilhões de euros (US$ 3,3 bilhões) na venda. Isso sugere que, enquanto o sistema bancário da Rússia não entrar em colapso, Potanin “terá feito um grande negócio”, disse Legras.

Em comunicado através da Interros, Potanin disse que comprou de volta a participação do SocGen “para manter a estabilidade do Rosbank e criar novas oportunidades para seus clientes e parceiros”. Um porta-voz não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Potanin é a pessoa mais rica da Rússia, em grande parte devido à sua participação de cerca de um terço na Nornickel, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Ele é um dos oligarcas originais do país que ainda é rico, lucrando junto com Fridman, Aven e outros banqueiros na década de 1990 com a privatização de empresas de recursos naturais após o colapso da União Soviética. Potanin foi também vice-primeiro-ministro sob Boris Yeltsin.

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