Empresas britânicas querem abrir capital... mas não em Londres

Esforços do país para atrair empresas e se tornar um hub de tecnologia ainda não deram frutos

Bolsa de Londres
Por Swetha Gopinath - Kat Van Hoof
22 de Março, 2022 | 06:05 PM

Bloomberg — Um número cada vez maior de empresas do Reino Unido está evitando abrir capital no país em favor do exterior, depois que uma série de fracassos lançaram dúvidas sobre a campanha de Londres para atrair startups e ofertas públicas iniciais.

O Reino Unido está caminhando para seu pior primeiro trimestre para IPOs desde 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg. A guerra na Ucrânia e a inflação crescente impulsionaram a volatilidade, prejudicando a confiança dos investidores. Mas enquanto empresas na Itália e na Noruega conseguiram abrir seu capital grandiosamente, Londres teve apenas atrasos.

Mercado de IPOs do Reino Unido caminha para o pior trimestre em 13 anosdfd

Diz-se que a empresa de aquisição CVC Capital Partners está considerando abrir capital em Amsterdã, onde a empresa de investimento em tecnologia GP Bullhound lançou uma SPAC este ano. A marca de carros esportivos Lotus pode optar por listar sua unidade de fabricação de veículos elétricos nos Estados Unidos ou na China, enquanto a Arm, apoiada pelo SoftBank Group e a empresa de transferência de valores Zeps pode estar visando um IPO na Nasdaq.

“Estamos vendo várias empresas britânicas de tecnologia e fintechs irem para o exterior, nos EUA, para abrir capital em busca de mercados de capitais mais profundos”, disse Svetlana Marriott, sócia do grupo de mercados de capitais da KPMG no Reino Unido.

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Essa tendência é particularmente problemática quando observamos os esforços do Reino Unido para se tornar o principal destino das empresas de tecnologia na Europa. O país lançou um fundo de resgate para startups na pandemia, mudou as regras de abertura de capital para permitir que os fundadores mantivessem o controle de seus negócios e pressionou algumas das maiores empresas privadas da região a ficarem na bolsa da capital.

No entanto, esses esforços não tiveram muita utilidade por enquanto.

As startups britânicas há muito vão para Nova York em busca de bolsos mais profundos e valuations mais altos. Enquanto isso, Londres registrou uma série de fracassos em listagens recentes de tecnologia, como a plataforma de entrega de alimentos Deliveroo, a fintech Wise e a empresa de comércio eletrônico THG. Quase todos os 10 maiores lançamentos do ano passado são negociados abaixo de seu preço de IPO.

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Os fracassos das listagens de empresas de tecnologia afetaram a demandadfd

Mercado comprador

Anos de desempenho inferior significam que os valuations estão baratos na Grã-Bretanha, tornando o país um mercado atraente para compradores, mas menos atraente para emissores. Agora, as ações do Reino Unido estão entre as poucas vencedoras. O índice FTSE 100 subiu 1% em 2022, em comparação com uma queda de 6,6% no benchmark Stoxx 600 e a queda de 12% no índice Nasdaq 100 (NASD11).

“Há vários anos, o mercado do Reino Unido sofre com o Brexit e o equívoco generalizado de que é maçante e maduro”, disse Andrew Millington, chefe de ações do Reino Unido na abrdn plc. “Mas acho que isso está começando a mudar; observamos os principais índices do Reino Unido este ano e a diferença nos valuations começou a diminuir”.

Certamente, Londres ainda é o maior centro da Europa para serviços financeiros, private equity, bancos e venture capital. E IPOs de bilhões de dólares estão prontos para explorar o mercado do Reino Unido em 2022, incluindo a Virgin Atlantic Airways, a unidade de ingredientes alimentícios da Olam International e o escritório de advocacia Mishcon De Reya.

A startup de baterias para carros elétricos Britishvolt, que está considerando abrir o capital nos EUA por meio de uma fusão com uma SPAC, disse no ano passado que Londres se tornou um destino mais atraente após a revisão de suas regras de listagem.

“É muito cedo para desistir de Londres”, disse Simon Olsen, sócio do grupo de mercados de capitais da Deloitte “É o centro de gravidade e o maior centro financeiro da região”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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