Raízen: Demanda por etanol chega à indústria e supera o consumo de combustível

Usina brasileira fornece combustível e insumos para, por exemplo, fabricação de plástico e borracha

Mais da metade do etanol produzido por ela se torna insumo industrial
Por Irina Anghel
15 de Março, 2022 | 07:49 PM

Bloomberg — Companhias farmacêuticas, fabricantes de cosméticos e outras empresas que usam plástico e borracha superaram motoristas e se tornaram as principais compradoras do etanol da Raízen.

Mais da metade do etanol produzido pela brasileira se torna insumo de padrão industrial e acaba virando álcool gel ou garrafa PET, disse o CEO Ricardo Mussa, em entrevista realizada durante a Conferência do Açúcar em Dubai. Quatro anos atrás, a maior parte do etanol da companhia — que é a maior produtora mundial de açúcar — se transformava em combustível.

O aumento do preço do petróleo encareceu produtos petroquímicos como plástico, borracha e medicamentos. Isso leva empresas a buscar o etanol, mais barato. A mudança para a utilização industrial é “grande e está progredindo a cada ano”, segundo Mussa.

“Quando vendemos para a Coca-Cola, vendemos o açúcar e também o etanol que compõe a garrafa de plástico”, afirmou.

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A Raízen continua sendo exceção entre as usinas brasileiras, que têm a maior demanda pelo uso do etanol como combustível de veículos. O etanol se popularizou a partir da década de 2000, com a fabricação de carros flex.

A Petrobras elevou o preço da gasolina na semana passada em 18,8% para acompanhar a cotação internacional, indo contra pedidos do presidente Jair Bolsonaro.

A decisão aumenta a competitividade pelo etanol, já que as usinas conseguem decidir quanto da cana vira biocombustível e quanto vira açúcar, dependendo do produto que traz melhores rendimentos. A situação também reforça a confiança nos investimentos para ampliação da produção de etanol.

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A forte demanda pelo combustível no Brasil tem a retaguarda da política nacional que exige um percentual de biodiesel e etanol no consumo total de combustível.

O quadro atual pode reduzir a produção de açúcar a ponto de o Brasil deixar de ser o colchão que atenua oscilações no mercado de açúcar em tempos de escassez, disse Mussa.

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