Creditas atrai Fidelity e vale US$ 4,8 bi em nova captação

Recursos da rodada serão usados para expandir a base clientes da empresa com o objetivo de dobrar a receita em 2022

Transação da Creditas dá início ao que promete ser mais um ano forte para as startups latino-americanas
Por Felipe Marques e Vinícius Andrade
25 de Janeiro, 2022 | 10:23 AM

Bloomberg — A Fidelity Investments comprou uma participação na Creditas, avaliando a fintech brasileira em US$ 4,8 bilhões.

A Creditas levantou US$ 260 milhões em rodada Series F que foi liderada pela Fidelity, disse Sergio Furio, fundador e diretor-executivo da Creditas. Outros acionistas, como os fundos Vision e Latin America do SoftBank, também acompanharam a rodada, segundo Furio.

Sergio Furio, fundador e CEO da CreditasSource: Creditasdfd

“O mercado estava ficando um pouco esquisito e queríamos estar bem capitalizados”, disse Furio, em entrevista por vídeo. Ele espera aproveitar a volatilidade ao longo de 2022 para novas possíveis aquisições.

Os recursos da rodada também serão usados para expandir a base clientes da Creditas com o objetivo de dobrar a receita em 2022, disse Furio. A startup tem pela frente um ano difícil no Brasil, com uma economia que não deve crescer e uma eleição presidencial polarizada em outubro.

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“Os brasileiros terão que tomar mais empréstimos com garantias, já que os bancos incumbentes vão recuar a oferta de outras linhas de crédito”, disse Furio.

A Creditas vende uma série de empréstimos com garantias - usando casas, veículos e até iPhones como colaterais - oferecendo taxas mais baratas do que os bancos tradicionais. Em uma rodada anterior de captação de recursos em dezembro de 2020, a empresa havia sido avaliada em US$ 1,75 bilhão.

A transação da Creditas dá início ao que promete ser mais um ano forte para as startups latino-americanas. No ano passado, empresas de venture capital investiram mais de US$ 15 bilhões em startups da região, mais de três vezes o montante de 2020, segundo dados compilados pelo PitchBook.

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O frenesi de negócios ajudou a criar novos bilionários e transformou as startups em algumas das maiores empresas da região. A mais recente captação de recursos colocou a Creditas entre as cinco startups de capital fechado mais valiosas da região. Para comparação, a revendedora digital de carros usados ​​Kavak é avaliada em US$ 8,7 bilhões, o Rappi em US$ 5,25 bilhões e o QuintoAndar, em US$ 5,1 bilhões.

A questão agora é como essas startups se sairão quando for a hora de acessar o mercado público de ações. Devido à queda nos papéis de tecnologia ao redor do mundo, o Nubank, que abriu seu capital em dezembro passado, agora está sendo negociado abaixo do preço de seu IPO.

A Creditas planeja fazer uma oferta pública inicial em algum momento, provavelmente em uma bolsa americana, de acordo com Furio, mas ainda não há um prazo definido.

Crescimento no México

Furio, que é da Espanha, fundou a Creditas em 2012, depois de ouvir de sua namorada brasileira sobre os juros astronômicos do Brasil. Ele já havia trabalhado na divisão de banco corporativo e de banco de investimento do Deutsche Bank, seguido por um período de sete anos no The Boston Consulting Group, e chegou ao Brasil sem falar português.

Agora, a empresa que ele criou tem mais de 4.000 funcionários, com um escritório de tecnologia na Espanha e uma operação de empréstimo no México. A Creditas planeja usar parte dos recursos da rodada para acelerar o crescimento no México, mas não há por ora planos de expansão para outros países da América Latina.

Incluindo a rodada recente, a Creditas já levantou US$ 829 milhões por meio de transações de ações, segundo Furio. Além da Fidelity, outros novos investidores incluem o fundo Actyus e a Greentrail Capital. A empresa também é apoiada por QED Investors, Kaszek Ventures, Wellington Management e Advent International, por meio de sua afiliada Sunley House Capital.

“A Creditas é a rara fintech que realmente constrói relacionamentos profundos com seus clientes, reduzindo drasticamente o custo do crédito e melhorando a qualidade de vida daqueles que atendem”, disse Will Pruett, diretor da Fidelity.

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