Euro está retomando ritmo após o pior ano desde 2015

Indicadores sinalizam um cenário mais favorável para a moeda para além de sua resiliência em janeiro

Banco Central Europeo
Por Vassilis Karamanis
20 de Janeiro, 2022 | 03:56 PM

Bloomberg — A resiliência do euro em janeiro, após apresentar a pior perda anual em seis anos, pode ser apenas o começo de uma recuperação mais ampla, já que vários indicadores sinalizam um cenário mais favorável para a moeda.

O euro chegou a US$ 1,1483 na semana passada, um nível que não era visto desde novembro, e foi negociado a US$ 1,1339 às 6h41 em Nova York. Embora ainda não tenha rompido a resistência principal de US$ 1,15, os indicadores técnicos apontam para uma perspectiva mais positiva.

A moeda também está recebendo um impulso dos diferenciais de taxas nesta semana, já que os rendimentos alemães de 10 anos ultrapassam o limite zero pela primeira vez em mais de dois anos.

Isso ocorre em meio a um impasse intensificado entre traders e o Banco Central Europeu sobre o momento dos aumentos das taxas de juros. Apesar da insistência das autoridades de que uma alta é muito improvável em 2022, os mercados monetários agora veem um aumento de 10 pontos-base na taxa de depósito para menos 0,4% já em setembro e uma saída do território abaixo de zero até o final do próximo ano.

PUBLICIDADE

Veja alguns sinais positivos no horizonte para o euro:

Altas mais altas

A moeda comum está em um padrão dos chamados “altas mais altas, mínimas mais altas” desde meados de dezembro, pois os indicadores sobre o ritmo e impulso da moeda apontam para riscos ascendentes. A moeda conseguiu romper brevemente a tendência de baixa de vários meses na semana passada, e isso pode ocorrer novamente, com as médias móveis enviando um sinal de alta na quarta-feira (20).

Diferenciais de taxa

O euro tem mostrado resiliência mesmo quando a diferença entre os rendimentos do Tesouro de referência e os rendimentos alemães chegou a seu maior intervalo desde março de 2020. Os rendimentos dos Estados Unidos continuaram atingindo máximas de vários anos.

PUBLICIDADE

Há amplo espaço para os traders aumentarem as apostas na elevação das taxas do BCE de cerca de 18 pontos-base fixados para este ano, em relação às apostas de cerca de 100 pontos-base de refreio do Federal Reserve - um processo que seria favorável para mais ganhos do euro

Explosão de energia

As apostas dos traders na austeridade das políticas podem ser impulsionadas pelo aumento dos preços da energia. Embora as autoridades do BCE tenham mantido a visão de inflação transitória e observado que as pressões sobre os preços podem recuar este ano, a Agência Internacional de Energia disse que os mercados de petróleo parecem estar sob tensão maior do que se pensava anteriormente.

Enquanto isso, os preços dos alimentos já próximos dos picos de todos os tempos podem subir ainda mais devido ao crescente apelo de transformar mais commodities agrícolas em biocombustíveis. O balanço de gás da Europa permanecerá extraordinariamente justo este ano, com oferta reduzida, preços recordes, volatilidade sem precedentes e tensões geopolíticas mostrando poucos sinais de arrefecimento, segundo a BloombergNEF.

Riscos de cobertura

As reversões de risco para o par euro-dólar, um indicador de sentimento, mostram um prêmio para as opções de proteção contra o lado negativo da moeda comum em prazos antes da decisão do Fed em 26 de janeiro.

Além disso, as apostas de baixa estão recuando dos extremos vistos no ano passado, particularmente no final da curva, provavelmente devido a riscos potenciais relacionados às eleições francesas. Se os mercados precificarem esse prêmio de risco - e se o BCE mudar seu tom sobre os aumentos das taxas - um movimento em direção a apostas de alta pode ser se concretizar.

NOTA: Vassilis Karamanis é um estrategista de câmbio e taxas que escreve para a Bloomberg. As observações que ele faz são pessoais e não se destinam a ser um conselho de investimento

– Com a colaboação de James Hirai.

PUBLICIDADE

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também