Aperto monetário sem precedentes nos EUA preocupa mercados

Presidente do Fed, Jerome Powell, espera que o aperto nas condições financeiras esfrie um pouco a economia e a maior inflação em décadas

Edificio de la Fed en Washington
Por Richard Miller e Liz McCormick
19 de Janeiro, 2022 | 01:03 PM

Bloomberg — Uma rápida sequência de aumentos de juros e redução no balanço patrimonial do banco central dos EUA ameaça desestabilizar ainda mais os mercados de ações e títulos.

A junção desses dois aspectos do aperto monetário em rápida sucessão teria efeitos desconhecidos nos mercados e na economia. Os investidores estão demonstrando essa preocupação. O Nasdaq Composite Index caiu mais de 8% nos últimos 10 pregões, enquanto os títulos do Tesouro americano acumulam perda de 1,8% este mês.

“A escala do que eles estão contemplando agora é completamente sem precedentes”, disse Janice Eberly, que já trabalhou no Departamento do Tesouro e agora atua na Northwestern University. “É prudente avaliar a reação do mercado, principalmente antes de movimentar o balanço patrimonial de maneira concertada com as mudanças nas taxas de juros”.

O presidente do banco central (Federal Reserve), Jerome Powell, e seus colegas esperam que o aperto nas condições financeiras esfrie um pouco a economia e a maior inflação em décadas. Esse processo seria facilitado pelo recuo nas cotações dos ativos após as bolsas e os preços dos imóveis residenciais baterem recordes no ano passado — desde que não provoque abalos que prejudiquem a economia.

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Essa tarefa é complicada porque o Fed reduziu a carteira de títulos somente uma vez no passado, em 2017-2019, então os especialistas carecem de referências para calcular o impacto de um aperto quantitativo mais amplo e mais rápido desta vez.

O comandante do escritório regional do Fed em Nova York, John Williams, espera que os juros de longo prazo “subam um pouco” à medida que o banco central reduz o balanço patrimonial. Mas ele admitiu que o impacto desse aperto quantitativo era “bastante incerto”. Na sexta-feira, ele disse ao Conselho de Relações Exteriores: “Precisamos ser humildes.”

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“Até o meio do ano, esperamos que o comitê de política monetária reconheça que precisará fazer mais para ter maior chance de atingir a meta de inflação de 2%. Assim, o comitê deve subir os juros cinco vezes este ano. No momento, acreditamos que a redução do balaço patrimonial começará no terceiro trimestre de 2022, mas há enorme incerteza em torno desse timing”, diz Anna Wong, economista-chefe para os EUA da Bloomberg Economics.

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