Mercado começa a precificar alta maior de juro pelo Fed já em março

Rendimentos dos títulos de prazo mais curto avançam mais rápido do que os dos papéis mais longos, achatando a curva de juros

Mercado vê alta maior de juros em 2022
Por Ruth Liew e Garfield Reynolds
18 de Janeiro, 2022 | 11:21 AM
Últimas cotações

Bloomberg — Os títulos do Tesouro dos EUA recuam nesta terça-feira, empurrando os prêmios da curva de juros para o menor nível em quase dois anos, em meio a especulações de que o Federal Reserve pode elevar a taxa básica em mais de 0,25 ponto percentual em março.

O rendimento dos títulos de dois anos (GT2) chegou a subir 9 pontos-base para 1,06%, enquanto a taxa do papel com prazo de 10 anos (GT10) avançou para 1,85% — a maior desde janeiro de 2020.

Está crescendo a atenção em relação à reunião do Fed de março, e os mercados começam a precificar um aumento de mais de 0,25 pp. Isso ocorre depois que o CEO do JPMorgan (JPM), Jamie Dimon, e o investidor bilionário Bill Ackman alertaram que o banco central dos EUA pode precisar aumentar os custos de empréstimos mais do que os investidores esperam.

Os rendimentos dos títulos de prazo mais curto avançam mais rápido do que os dos papéis mais longos, achatando a curva de juros. A diferença entre os rendimentos dos papéis com vencimento em cinco e 30 anos encolheu para menos de 50 pontos-base pela primeira vez desde março de 2020, quando a pandemia de Covid estava começando.

PUBLICIDADE

“O grande tema nos mercados de renda fixa este ano, particularmente nos EUA, será a alta dos rendimentos e o achatamento das curvas diante dos aumentos da taxa básica de juros nos EUA”, disse Andrew Ticehurst, estrategista da Nomura Holdings. “A história sugere que dificilmente o rendimento dos títulos de 10 anos atinge o pico antes do primeiro aumento da taxa básica do ciclo.”

Dívida soberana

As oscilações no mercado de títulos do Tesouro americano se espalharam e elevaram os rendimentos das dívidas soberanas ao redor do mundo. Um índice que acompanha o dólar subiu pelo terceiro dia, dado que a alta dos rendimentos fortalece a demanda pela moeda de reserva mundial.

“Tudo isso mostra que os mercados de títulos estão se dando conta da realidade da inflação, com os bancos centrais agora tentando recuperar o atraso”, disse Stephen Miller, consultor de investimentos da GSFM, subsidiária da CI Financial do Canadá. “O mercado está atordoado e sente que foi complacente demais.”

PUBLICIDADE

Início de ano terrível

O mercado de renda fixa teve um início de ano difícil, reagindo a comentários do Fed que deixaram claro que o banco central americano tomará medidas agressivas para conter a inflação. A diretoria da instituição também discute a redução do balanço patrimonial e avisou que a variante ômicron não deve afetar esses planos.

O Bloomberg Dollar Spot Index subiu 0,2% e caminha para a maior sequência de ganhos desde novembro. Moedas da Austrália, Nova Zelândia, Suécia e outros países registraram perdas à medida que os investidores reduzem a alocação em moedas sensíveis a risco.

“Taxas mais altas nos EUA com a expectativa de uma postura mais agressiva do Fed e a expectativa de maior inflação dão suporte ao dólar”, disse Imre Speizer, estrategista do Westpac Banking em Auckland.

  dfd
  dfd

Veja mais em bloomberg.com

Leia também