Acionistas ativistas se preparam para novas regras nos EUA

Cerca de 75% das campanhas em 2021 foram lideradas por ativistas iniciantes ou ocasionais

Não se trata mais apenas de grandes investidores tradicionais pressionando por mudanças nas empresas nas quais investem
Por Scott Deveau
29 de Dezembro, 2021 | 04:23 PM

Bloomberg — O ativismo de acionistas voltou a ganhar força em 2021, mas tanto ativistas quanto consultores se preparam para mudanças regulatórias que provavelmente terão impacto na forma como fazem negócio nos próximos anos.

Neste ano até 28 de dezembro, 220 campanhas haviam sido lançadas por investidores ativistas contra empresas específicas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O número representa um aumento de cerca de 20% em relação às 183 campanhas lançadas em 2020, mas ainda abaixo das 238 em 2019 antes da pandemia de coronavírus.

Cerca de 75% das campanhas em 2021 foram lideradas por ativistas iniciantes ou ocasionais, dando continuidade a uma tendência de abordagem mais ativa, disse Avinash Mehrotra, chefe global de defesa do ativismo e consultoria a acionistas do Goldman Sachs. Não se trata mais apenas de grandes investidores tradicionais, como Carl Icahn, Elliott Investment Management ou Starboard Value, pressionando por mudanças nas empresas nas quais investem.

‘Novo normal’

“O novo normal é que temos acionistas mais engajados em todo o espectro”, disse Mehrotra. “Temos investidores ‘long-lony’ (apenas com posições compradas) que agora se envolvem regularmente com a gestão em tópicos como estratégia, mix de portfólio, desempenho operacional e retornos.”

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Isso provavelmente levará a táticas mais agressivas e públicas por parte de ativistas tradicionais, enquanto tentam se diferenciar dos novatos, destacou. O Goldman Sachs foi o principal consultor financeiro em situações de ativismo em 2021, segundo dados da Bloomberg.

As campanhas deste ano demonstraram que os ativistas estão dispostos a usar uma abordagem em várias frentes em sua iniciativa de mudança, disse Andrew Freedman, copresidente da prática de ativismo de acionistas no escritório de advocacia Olshan Frome Wolosky. Ele disse que as metas abrangem empresas que abriram o capital recentemente, aquelas que buscam ser adquiridas ou crescer por meio de aquisições e negócios considerados atrasados em questões ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês.

Mudanças

As regras do jogo estão prestes a mudar.

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A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) planeja implementar mudanças em setembro para o chamado cartão universal em votações por procuração. Isso significa que acionistas terão uma cédula para votar em todos os diretores indicados pela empresa e pelos ativistas, em vez de usar dois cartões diferentes como agora.

Greg Taxin, diretor-gerente da Spotlight Advisors, acredita que a mudança levará investidores ativistas a se concentrarem mais na qualidade de seus candidatos a diretor e menos em disputas pelo controle do conselho. Com isso, ativistas provavelmente conseguirão mais vitórias, disse.

“Com o ‘proxy’ universal, as disputas por controle estão basicamente mortas”, disse Taxin. “O maior impacto do cartão de procuração universal é que o nível de mudança resultante da disputa por procuração refletirá com mais precisão as opiniões dos acionistas.”

A SEC também propôs regras que podem obrigar ativistas a divulgarem uma participação ativa em uma empresa antes dos 10 dias exigidos, quando suas fatias superam 5%. A comissão busca restringir o uso de derivativos complexos para acumular secretamente participações em empresas de capital aberto.

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