Biodiesel: Mistura de 10% deve limitar industrialização de soja em 2022

Bloomberg Línea — O processamento de soja em 2022 deve registrar um crescimento de 3,23% em 2022 e chegar a 48 milhões de toneladas. Apesar do avanço, o desempenho é considerado aquém do potencial do país em agregar valor à produção e avançar em seu processo de industrialização. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar. “Isso é pouco perto de nossa capacidade. Temos uma capacidade de 57 milhões de toneladas instalada”, afirma Nassar.

Dados divulgados hoje mostram que o Brasil deve colher 144,8 milhões de toneladas no ano que vem, volume que representa um crescimento de 5% em comparação aos resultados de 2021. Com a oferta maior, a expectativa é que o país exporte no próximo ano 93,4 milhões de toneladas, volume 9% superior a 2021.

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Dentro desse contexto, a produção de óleo de soja deve somar 9,7 milhões de toneladas em 2022, um crescimento de 3%. Desse total, 1,65 milhões de toneladas serão destinadas à exportação, volume que representa um avanço de 3% sobre as exportações de 2021. No sentido oposto, o consumo doméstico vai recuar 3% para 7,9 milhões de toneladas.

“Estamos perdendo em capacidade industrial e agregação de valor. O mercado vai começar a olhar para as exportações desde o começo do ano e o consumo interno vai cair”, disse Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove. Para ele, a intervenção governamental na mistura do biodiesel ao diesel convencional provocou contratempos para as indústrias processadoras neste ano.

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Em setembro, o governo decidiu reduzir de 13% para 10% a mistura de biodiesel ao diesel convencional para tentar conter a alta dos preços dos combustíveis, em meio à alta das cotações das commodities no mercado internacional. Em novembro, o governo decidiu manter o percentual ao longo de todo ano de 2022. “Mesmo que o governo não queira, vamos continuar insistindo no aumento da mistura. Queremos mostrar que a despeito de haver a possibilidade de impacto no preço do diesel, há impactos positivos sobre os preços dos alimentos, por exemplo”, afirma Nassar.