Forte demanda por aço nos EUA dá sinais de desaceleração

Grande siderúrgica começou a procurar comprados para encomendas abandonadas de metal de alta qualidade

Mudança na carteira de pedidos da U.S. Steel aponta para bolsões de demanda mais fracos
Por Joe Deaux
01 de Novembro, 2021 | 03:02 PM

Bloomberg — O rali recorde do aço começa a dar sinais de desaceleração: uma grande siderúrgica dos Estados Unidos procura compradores para encomendas abandonadas de metal de alta qualidade usado por montadoras.

A U.S. Steel está oferecendo metal originalmente destinado a clientes automotivos que optaram por não receber pedidos completos, uma indicação de que a escassez contínua de semicondutores causa uma desaceleração mais longa do que o esperado na produção de automóveis e reduz a necessidade de aço.

Na semana passada, a empresa ofereceu quase 50 mil toneladas de aço da usina em Gary, Indiana, que classificou como “excesso prime” para um cliente que fabrica produtos como chapas automotivas e que desistiu de comprar o metal, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg.

O aço produzido na usina de Gary - um dos maiores fornecedores do mercado automotivo dos Estados Unidos - é metal novo e inclui uma variedade de elevada resistência da mais alta qualidade na indústria do aço. É usado em veículos leves para atender aos padrões ambientais. Não ficou imediatamente claro quais montadoras optaram por não usar a cota total.

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A mudança na carteira de pedidos da U.S. Steel aponta para bolsões de demanda mais fracos, justo quando EUA e União Europeia firmaram uma trégua comercial nos mercados de aço e alumínio.

O metal tem registrado um rali recorde, impulsionando a inflação na economia dos EUA que se desacelera em parte devido a gargalos nas cadeias de suprimentos. Esses problemas de oferta impedem montadoras de produzir mais veículos para vendas em concessionárias - embora até agora dessem a impressão de contornar a questão encomendando quantidades máximas de aço nos contratos.

No sábado, EUA e UE chegaram a um acordo que permitiu aos aliados removerem as tarifas para mais de US$ 10 bilhões sobre exportações anuais de aço e alumínio. O acordo isenta de impostos até 3,3 milhões de toneladas de importações da UE, indicando que mais metal pode chegar em breve aos portos dos EUA quando montadoras americanas estão recebendo menos do que os pedidos completos.

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A trégua também ocorre quando as importações da China de produtos dos EUA continuam a cair na comparação anual, rumo ao sétimo ano consecutivo de queda, já que as tarifas encarecem o aço americano. Enquanto isso, a China, maior produtora mundial de aço, busca desacelerar a produção, o que causaria ainda mais pressão em um mercado global já sob pressão.

A quantidade de aço excedente que a empresa com sede em Pittsburgh está disponibilizando se soma às cerca de 65 mil toneladas oferecidas em setembro, segundo os documentos. Esses volumes estão bem acima das 3 mil a 5 mil toneladas disponíveis para compra imediata em meados do ano, quando a demanda estava forte.

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