Mercado de lítio aquecido e escassez ameaçam cenário para VEs

Não há muitas novas minas sendo construídas, e os poucos projetos em andamento não devem deslanchar até meados de 2023, apontam especialistas

Preços mais do que triplicaram desde o início de 2015 e atingiram recorde em março de 2018, mas caíram novamente
Por Yvonne Yue Li e James Attwood
27 de Outubro, 2021 | 02:22 PM

Bloomberg — O mercado de lítio está outra vez aquecido, embora desta vez o rali pareça ser mais duradouro.

Um índice de referência mais do que dobrou de nível em 2021, e preços-chave na China batem recordes. Por trás da alta está o apelo do metal prateado como uma commodity do futuro: o lítio é um dos principais componentes de baterias recarregáveis em veículos elétricos (VEs).

O lítio já percorreu esse caminho antes. Os preços mais do que triplicaram desde o início de 2015 e atingiram recorde em março de 2018, mas caíram novamente com a rápida expansão da produção. Analistas e especialistas dizem que desta vez é diferente, porque o boom dos veículos elétricos começou para valer. Produtores também aprenderam a lição depois do último colapso e agora pregam disciplina.

O resultado é que a oferta está apertada o suficiente para obrigar fabricantes de baterias a assinarem contratos de longo prazo mais favoráveis aos produtores. Alguns até deram o passo ousado de comprar ativos de mineração. No final, os preços do lítio podem subir tanto ao ponto de elevar os custos de baterias e dos VEs, justo quando o mercado mundial precisa de mais fontes de energia limpa.

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“É uma espécie de vingança das mineradoras”, disse Joe Lowry, consultor independente conhecido como “Mr. Lithium”, pelas décadas de experiência no setor.

“Os fornecedores estão no banco do motorista e isso vai ficar assim por um tempo”, afirmou.

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Com essa dinâmica, a demanda provavelmente ultrapassará a produção nos próximos cinco anos, prevê a Morningstar.

Não há muitas novas minas sendo construídas, e os poucos projetos em andamento não devem deslanchar até meados de 2023, de acordo com Chris Berry, presidente da consultoria House Mountain Partners.Berry prevê que os preços podem subir outros 15% no próximo trimestre e atingir cerca de US$ 30.000 a tonelada no mercado à vista.

Embora o metal responda por uma pequena porcentagem do custo da bateria de um veículo elétrico, um período sustentado de cotações mais altas de matérias-primas para cátodos de baterias - como lítio, níquel e cobalto - poderia atrasar o ponto em que as baterias de VE alcançariam a paridade de preço com motores de combustão interna de veículos, um fator essencial para o uso em massa necessário para um futuro mais verde.

“Se houver atrasos na resposta planejada de fornecimento nos próximos seis meses, certamente não vejo nenhuma pressão de baixa no preço do lítio”, disse Berry. “Há uma grande necessidade de investimento.”

A história do lítio é semelhante à dinâmica no mercado de commodities em geral, incluindo petróleo e gás natural. Com escassez de investimentos nos últimos anos e novas demandas de investidores focados em sustentabilidade, a expansão da produção de muitas matérias-primas se desacelerou. Agora, a oferta está apertada justo quando a demanda cresce.

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