Apartamentos espaçosos em São Paulo são aposta após pandemia, diz You,inc

Incorporadora especializada em espaços compactos aposta em unidades maiores após meses de confinamento mudarem direcionamento das buscas

Até antes da pandemia, 70% dos lançamentos eram concentrados em imóveis compactos e apenas 30% focados em unidades maiores
Por Patricia Lara
05 de Outubro, 2021 | 01:19 PM

Bloomberg — A pandemia confinou milhões de brasileiros a suas casas durante boa parte de 2020 e ao longo deste ano, uma vez que a adoção de restrições transformaram salas em escolas improvisadas, escritórios e até mesmo em peculiares salas de ginásticas. Isso levou a You,inc, incorporadora que domina o mercado apartamentos compactos da cidade de São Paulo, a sair em busca de mais espaço.

“Na nossa nova safra, mais de 50% são de apartamentos de três e quatro dormitórios”, disse o CEO da empresa, Abrão Muszkat, em entrevista por videoconferência.

A empresa, com sede em São Paulo, pretende lançar R$ 800 milhões até dezembro, que se somarão aos R$ 400 milhões lançados no primeiro semestre. Até antes da pandemia, 70% dos lançamentos eram concentrados em imóveis compactos e apenas 30% focados em unidades maiores.

A ampliação da oferta de imóveis maiores ocorre após pesquisas de inteligência detectarem uma nova demanda por áreas para se trabalhar em casa, consequência direta da pandemia de Covid-19.

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A empresa vai iniciar a atuação em apartamentos acima de 100 metros quadrados e com preços que podem chegar a R$ 30 mil o metro, no caso de um projeto nos Jardins com assinatura do renomado arquiteto Arthur Casas. É mais do que o triplo do preço médio por metro quadrado na cidade de São Paulo, segundo índice FipeZap.

A demanda pelos compactos -- unidades de 24 a 45 metros quadrados, com no máximo um dormitório -- ainda continua firme em certas localizações, diz o executivo.

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Um empreendimento em Perdizes próximo da Pontifícia Universidade Católica (PUC), uma das mais maiores universidades privadas do país, e da futura linha laranja do metrô foi 80% vendido no final de semana do lançamento em agosto, segundo Muszkat. Em 2021, até junho, a empresa registrou um total R$ 398 milhões de vendas brutas, um crescimento de quase 100% do mesmo período do ano passado.

São Paulo, cidade com cerca de 12 milhões de habitantes, se tornou um canteiro de obras, com a combinação da demanda resultante da pandemia e da queda da taxa e juros a piso histórico.

O boom impulsionou preços de materiais de construção. O índice nacional de construção civil acumulou alta de 17% em 12 meses até agosto, mas houve aumentos de 50%, 60% em alguns produtos, diz Muszkat.

O CEO já vê sinais de arrefecimento dessa pressão de custo, tendência que deve continuar no terceiro trimestre, atenuando o impacto do atual ciclo de alta dos juros. O Copom elevou a taxa Selic para 6,25%, uma alta de 425 pontos base desde o início do ciclo de aperto monetário em março.

“Mas enquanto a Selic não chegar a dois dígitos, o mercado imobiliário anda muito bem”, disse.

A construtora fez aumento médio de 10% nos preços em nove meses. Até agora, os clientes finais tem suportado a alta, disse o CEO, mas ainda deve haver um aumento de preços de 15% a 20%, que não ocorrerá em uma tacada, mas sim de forma gradual.

No momento, a empresa mantém congelado planos de ir à bolsa. A You,inc desistiu de abrir capital em agosto de 2020 citando a conjuntura de mercado.

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