Japão tem pior desempenho econômico do G7 por vacinação lenta

País emitiu quarto estado de emergência, com casos de Covid-19 em níveis recordes nos últimos dias

País de 125 milhões de habitantes havia registrado nove mortes por Covid-19 até quarta-feira, em comparação com mais de 360 nos EUA
Por Yoshiaki Nohara
13 de Agosto, 2021 | 08:43 AM

Bloomberg — Parece que a grande recuperação do Japão está sempre a um trimestre de distância.

Essa dinâmica se repete antes dos números do PIB previstos para segunda-feira. Economistas projetam que o Japão deve ter conseguido crescer nos três meses até junho, mas a recuperação mais sólida vista neste verão parece que será adiada.

A campanha de vacinação mais lenta entre os países do Grupo dos Sete é um dos principais motivos. Com os casos de Covid-19 em níveis recordes nos últimos dias e o quarto estado de emergência emitido pelo governo estendido até o fim de agosto, a recuperação dos gastos dos consumidores que analistas previam terá que esperar ainda mais.

Restrições contínuas para frear o coronavírus, necessárias porque apenas cerca de 30% da população do Japão foi vacinada, concederam ao país a duvidosa distinção de ser a única economia do G7 com projeções de crescimento para este ano reduzidas pelo Fundo Monetário Internacional.

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Nos últimos dias, a onda de Covid provocada pela variante delta fez com que o número de casos diários no Japão dobrasse em relação a picos anteriores, mas a realidade não é tão ruim quanto parece.

Embora o número de pessoas em estado grave esteja aumentando, houve muito menos mortes até agora do que durante as ondas anteriores, porque a grande maioria dos idosos japoneses já foi imunizada. O país de 125 milhões de habitantes havia registrado nove mortes por Covid-19 até quarta-feira, em comparação com mais de 360 nos Estados Unidos, onde uma porcentagem menor de pessoas com 65 anos ou mais completou o regime de imunização, apesar de uma taxa mais alta em todas as faixas etárias.

Mesmo assim, o Japão enfrenta uma espécie de impasse em sua batalha contra o coronavírus. A cada nova declaração de emergência, a população presta cada vez menos atenção. O tráfego de pedestres nas estações de trem aumentou, e muitos bares e restaurantes estão abertamente desrespeitando os pedidos do governo para fechar mais cedo.

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O resultado é que os gastos do consumidor se estabilizaram, e é provável que o país tenha evitado a recessão, mas a recuperação está estagnada até que o vírus possa ser controlado. É um resultado típico da economia do Japão: não é desastroso, mas também não é maravilhoso.

Com os pedidos de cautela perdendo eficácia, parece que o governo do Japão conta simplesmente com as vacinações para mudar o quadro. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, tem como meta vacinar 40% do país até o fim do mês, mas analistas dizem os consumidores não começarão a gastar até que o país atinja uma taxa muito mais alta.

Harumi Taguchi, economista da IHS Markit, espera que o consumo se recupere de forma mais sólida apenas quando 60% da população estiver totalmente imunizada em algum momento de outubro ou novembro, estima.

“Veremos a demanda reprimida ser claramente liberada no quarto trimestre”, disse Taguchi. “O problema é que o governo não deu um sinal claro sobre qual taxa de vacinação permitirá a retomada de atividades econômicas específicas. Portanto, as pessoas não veem incentivos para se vacinarem.”

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