Principal do dia: exterior misto antes de seguro-desemprego; juros devem reagir ao Copom

No BREAKFAST: Os lucros fortes das estatais, os dividendos surpreendentes da Petrobras, Bolsonaro investigado pelo STF e as últimas de Brasília

Mercados asiáticos caem com variante delta, mas futuros americanos e principais índices europeus avançam
05 de Agosto, 2021 | 09:12 AM

São Paulo — As ações europeias e os futuros americanos operavam mistos nesta quinta-feira (5), em linha com o fechamento das bolsas asiáticas, em compasso de espera antes dos dados de seguro-desemprego dos EUA da última semana, que podem ditar o tom sobre a recuperação do mercado de trabalho do país. Por aqui, a o destaque deve ser a reação da curva de juros brasileira após o Banco Central adotar um discurso mais duro para controlar as expectativas de inflação, segundo economistas.

  • Futuros americanos: Dow Jones (+0,14%), S&P 500 (+0,19%) e Nasdaq (+0,2%).
  • Índices europeus: DAX (+0,04%), CAC (+0,31%) e FTSE (-0,2%)
  • Tóquio/Nikkei 225 (+0,52%), Hong Kong/Hang Seng (-0,84%) e Xangai (-0,31%)
  • Por aqui, o dólar fechou em queda de 0,47%, a R$ 5,195, enquanto o Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,44%, a 121.801 pontos. Lideraram as perdas percentuais as ações preferenciais e ordinárias do Bradesco e da Cosan. Usiminas, Klabin e CSN foram destaques positivos.
  • O Banco Central acelerou a dose de aperto nos juros e levou a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano com o objetivo de tentar conter a alta de preços que se espalha pela economia e ameaça romper a meta de inflação de 3,5% em 2022. Foi a maior alta de juros feita pela autoridade monetária de uma só vez desde 2003.
Alta de 1%

Direto de Brasília (e outros lugares)

O ministro Alexandre de Moraes determinou ontem a abertura de investigação contra o presidente Jair Bolsonaro por ataques ao sistema eleitoral. Ele será investigado no âmbito do inquérito das fake news. A decisão atende ao pedido do TSE. No despacho, Moraes citou 11 condutas do presidente potencialmente criminosas. Três baseiam-se na Lei de Segurança Nacional (1983).

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Em entrevista à rádio Jovem Pan, a reação de Bolsonaro foi igualmente dura: “Um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico não pode começar por ele (STF). Ele abre, apura e pune? Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”.

A comissão especial da Câmara adiou a votação sobre o novo sistema eleitoral, que deveria ocorrer hoje. Renata Abreu (Podemos-SP) apresentou uma nova versão de seu relatório, que altera regras sobre o chamado distritão (eliminação do voto proporcional para os cargos do legislativo). Não há acordo sobre o novo texto.

O novo programa social do governo vai se chamar Auxílio Brasil. É um rebranding do Bolsa Família que evoca o auxílio pago durante a pandemia e visa associar a marca ao governo Bolsonaro. Com reajuste no valor de ao menos 50%, o aumento do gasto social é visto como fundamental para recuperar a popularidade do presidente no ano em que vai disputar a reeleição.

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O país superou ontem a marca de 20 milhões de pessoas infectadas pela covid-19. Ontem, houve registro de 1.118 mortes, evelando o número total para 559.715.

Vacinação no Brasil

Manchetes dos jornais:

  • Desconforto com inflação leva BC a tom mais assertivo (Valor)
  • Bolsonaro acusa inquérito de Moraes de ilegal e ameaça jogar ‘com as armas do outro lado’ em ‘antídoto fora da Constituição’ (Folha de S.Paulo)
  • Primeira missão de altos funcionários de Biden ao Brasil põe foco na China e busca relação pragmática com Bolsonaro (O Globo)
  • Empresários e intelectuais se unem em manifesto de apoio ao sistema eleitoral (O Estado de S.Paulo)
  • Alarmed Louisiana Residents Turn to Vaccines in ‘Darkest Days’ of Pandemic (New York Times)
  • U.S. to Set Electric-Vehicle Sales Target of 50% by 2030 (Wall Street Journal)
  • Cuomo’s office sought help from liberal advocates as it attempted to discredit accuser (Washington Post)

Enquanto você dormia

Banco do Brasil: O Banco do Brasil divulgou ontem os resultados referentes ao segundo trimestre, no qual registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,0 bilhões, valor que representa um aumento de 52,2% em relação ao mesmo período do ano passado e 2,6% em relação ao trimestre anterior.

Na Bloomberg Línea

Petrobras: Petrobras divulgou ontem que ampliou seus lucros no segundo trimestre, “impactado positivamente pelo efeito da apreciação do real sobre a dívida”. O Ebitda ajustado da companhia entre abril e junho ficou 147,9% acima do mesmo período de 2020, além de superar a estimativa Bloomberg. A companhia também disse que vai pagar R$ 2,41 para cada ação em poder de seus investidores a título de antecipação de dividendos.

Agenda do dia

  • Balanços pós-mercado: BK Brasil, Tenda, Eneva, Cia. Hering, JHSF e Tupy
  • Indicadores EUA: Balança comercial (9h30); Pedidos iniciais por seguro-desemprego (9h30).
  • Jair Bolsonaro: Reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; visita do Presidente da COP26, Alok Sharman; cerimônia de Entrega da Medalha da Ordem do Mérito Médico e Medalha do Mérito Oswaldo Cruz; reunião com o Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Roberto Fendt.
  • Paulo Guedes (Economia): Reunião com Gustavo Montezano, presidente do BNDES; com Pedro Cesar Sousa, Subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência; cerimônia de entrega das Medalhas da Ordem do Mérito Médico e Mérito Oswaldo Cruz.
  • Roberto Campos Neto (BC): Almoço com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para não ficar de fora

TÓQUIO 2020: O skatista Pedro Barros levou a medalha de prata ontem na modalidade Skate Park e, com isso, totalizou 19 pódios para o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2020, igualando o feito da Rio-2016. Já são 16 medalhas no pescoço dos brasileiros, com três a serem definidas - fora a possível medalha de bronze do time masculino de vôlei, que perdeu para a Rússia nesta madrugada por 3x1.

Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.