Dotz planeja permitir que usuários resgatem pontos para a compra de bitcoin

Gestora de programas de fidelidade, que recentemente estreou na B3 e ganhou sócio chinês, negocia aproximar sua base de clientes com o mundo das criptomoedas

Roberto Chade, CEO da Dotz, na estreia das ações da companhia na B3
04 de Agosto, 2021 | 04:31 PM

São Paulo — A Dotz, administradora de programas de fidelidade e de contas digitais, planeja aproximar seus usuários do mundo das criptomoedas ainda neste ano. A ideia é permitir que a base de clientes possa resgatar pontos acumulados para a compra de bitcoins, revelou o CEO da companhia, Roberto Chade, em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.

“O que vamos fazer em breve, isso eu posso adiantar, é permitir que nossos usuários façam o resgate de seus dotz para comprar bitcoin. Da mesma forma que ele pode usar dotz para comprar uma passagem aérea, para ir ao cinema e para trocar por dinheiro, o nosso usuário vai em breve resgatar seus dotz para comprar bitcoin”, enfatiza o executivo.

“Ainda estamos em tratativas finais”, disse, sem fornecer detalhes sobre essa negociação.

Abertura de capital

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A companhia captou R$ 390,7 milhões em IPO e passou a ser listada na B3 no fim de maio. Também ganhou, recentemente, um sócio de peso, o Ant Group, do chinês Jack Ma, dono do portal de vendas online Alibaba. O acordo para compra de uma participação de 5% da empresa brasileira foi anunciado em abril.

A Dotz planeja usar os recursos captados para investimentos em tecnologia, expansão dos negócios de fidelização, fintech e marketplace, fusões e aquisições e desenvolvimento de negócios.

Um dos focos da empresa é adicionar diversos produtos e serviços a seu app. Quando o internauta baixa o app da Dotz, ele se depara com a frase “Sua vida rende mais aqui com a gente”. Parece slogan de banco, mas a administradora de programas de fidelidade e de contas digitais, fundada em 2015 em São Paulo, descarta evoluir para o status de instituição financeira no futuro.

O objetivo da Dotz é monetizar sua base de quase 50 milhões de usuários, com uma maior oferta de produtos e serviços financeiros de parceiros, apostando principalmente na estratégia de venda cruzada (“cross-sell”), que tem a vantagem de resultar em redução do custo de aquisição de cliente.

“A gente não é banco. A gente não concorre com bancos. Somos uma empresa de tecnologia com atuação em monetizar nosso ecossistema em serviços financeiros, mas em parceria com os bancos. Não entramos no risco de crédito. Estamos oferecendo agora empréstimo pessoal. Temos dois cartões de créditos, mas os produtos são das instituições parceiras da Dotz, dos bancos”, enfatiza Chade.

Ecossistema

Com o avanço das “fintechs”, os brasileiros encontram cada vez mais facilidades para abrir uma conta digital e realizar pagamentos sem a necessidade de recorrer aos bancos tradicionais. Para a Dotz, que oferece conta digital, sem cobrar mensalidade, permite pagar boletos, recarregar celular e até converter sua “moeda” (pontos Dotz) em dinheiro, esse movimento é benigno para aumentar a inclusão financeira no Brasil.

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“Conseguimos dar acesso a produtos e serviços financeiros a uma população ainda mais abrangente na jornada de consumo”, afirma o executivo, que fundou a Dotz com seu irmão, Alexandre, presidente do conselho de administração da empresa.

Ao fazer o download do app da Dotz, o usuário segue um ritual similar à abertura de uma conta em um banco digital. O primeiro dado pessoal que o internauta terá de oferecer é o número do seu CPF, concordando com os termos de uso e com a política de privacidade da plataforma. Em seguida, ele terá de informar o número do seu celular, seu nome completo, data de nascimento e e-mail, encerrando o cadastro com a criação de uma senha de seis dígitos e envio de imagem de um documento com foto para verificar a identidade, como RG ou CNH, além de uma selfie.

Por fim, o usuário é convidado a preencher o cadastro da conta digital, confirmando desde o nome dos pais ao endereço. Finalizado o processo, o usuário poderá adicionar dinheiro na conta, pagar com QR Code, com código de barras, realizar recarga de celular, Pix, gerar boleto, enviar dinheiro e comprar vouchers.

“Construímos um ecossistema de benefícios entre usuários, parceiros e a Dotz, tendo milhões de clientes de um lado e do outro nossos parceiros, que são bancos, e-commerce, varejistas e indústrias”, diz Chade.

“A Dotz sempre foi muito rentável. A gente tem uma margem bruta por volta de 45%, 50%”, diz Otávio Araújo, CFO da Dotz.


Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.