Preço de IPO da Arm é prova de fogo para o hype da IA e ​​até para o risco China

Bloomberg — A tão esperada oferta pública inicial (IPO) da Arm Holdings Plc está programada para ser precificada hoje, quarta-feira. Os investidores estarão atentos para ver como seu proprietário, o SoftBank Group Corp., se sairá no que deve ser a maior listagem do ano - e se isso ajudará a reacender os mercados de capitais.

O IPO aborda uma série de questões polêmicas para os investidores em tecnologia, incluindo o entusiasmo potencialmente excessivo relacionado à inteligência artificial (IA), bem como os riscos geopolíticos envolvendo a China e seu papel na guerra dos chips. A oferta inclui até mesmo a empresa de semicondutores mais valiosa do mundo, a Nvidia Corp (NVDA), como participante.

Se tudo correr bem, a estreia poderá aumentar a reputação de Masayoshi Son, fundador, presidente e CEO do SoftBank. Apesar das ousadas proclamações de Son de ter um horizonte de investimento de séculos, o sucesso a curto prazo muitas vezes o iludiu, com muitos dos IPOs que sua empresa apoiou fracassando.

O que se espera para o IPO da Arm?

A Arm Holdings espera fixar o preço de sua oferta pública inicial no topo de sua faixa ou até mais alto, de acordo com pessoas a par do assunto.

O SoftBank e seus consultores estão decidindo se o preço será o mais alto, de US$ 51, ou se poderá ser um dólar ou mais acima disso, disseram estas fontes, que pediram para não serem identificadas porque o assunto é privado. Espera-se que a venda das ações ocorra hoje e que as ações comecem a ser negociadas na Nasdaq na quinta-feira.

O negócio já foi subscrito em mais de 10 vezes, informou a Bloomberg News anteriormente, e os banqueiros pararam de receber pedidos na terça-feira. Um representante da Arm não quis comentar.

A Arm entrou com pedido de IPO entre US$ 47 e US$ 51 por ação, o que poderia avaliar a empresa em US$ 54,5 bilhões no limite máximo da faixa. A Reuters informou mais cedo na terça-feira que a Arm só aceitaria o limite superior de sua faixa ou mais.

Softbank e Arm, um pouco de história

O SoftBank, que adquiriu a Arm há sete anos por US$ 32 bilhões, ajudou a desenvolver o designer de chips e a mudar seu modelo de negócios. No entanto, o investimento da empresa na Arm não tem sido tão tranquilo.

Em 2020, a SoftBank tentou e não conseguiu vender a empresa para a Nvidia por US $ 40 bilhões. Essa mudança irritou os clientes que não queriam ver a Arm, que fornece a tecnologia fundamental usada pela indústria de telefonia móvel, cair nas mãos de um único comprador.

Com esse negócio fora de cogitação, a Arm se voltou para uma IPO com um plano para arrecadar US$ 4,87 bilhões e ser avaliada em até US$ 54,5 bilhões, uma margem de 70% em relação ao preço de compra de 2016. A Arm está agora procurando exceder essa meta de captação de recursos, fixando o preço das ações IP0 em um dólar ou mais acima da faixa-alvo de US$ 47 a US$ 51, informou a Bloomberg News.

O projeto do IPO foi, ao mesmo tempo, não convencional e conservador. A SoftBank só pretende colocar em circulação até 10% das ações, o que poderia causar uma corrida dos investidores para colocar as mãos nas ações.

Em outro movimento incomum, está distribuindo as taxas de subscrição igualmente entre os quatro bancos de investimento que lideram a oferta: Barclays Plc, Goldman Sachs Group Inc., JPMorgan Chase & Co. e Mizuho Financial Group Inc. O Raine Group LLC, no qual a SoftBank possui uma participação, também está assessorando a empresa. Esse modelo foi usado pelo Alibaba Group Holding Ltd. há quase uma década.

Menos escala

A empresa inicialmente buscou levantar até US$ 10 bilhões e garantir uma avaliação mais alta, informou a Bloomberg News, mas reduziu esses planos depois que a SoftBank decidiu comprar a participação de cerca de 25% detida por seu próprio Vision Fund e manter o float menor. As ações que mudaram de mãos nesse negócio colocaram o valor da Arm em US$ 64 bilhões, quase US$ 10 bilhões a mais do que no limite superior da faixa do IPO.

A Arm está reservando mais de US$ 700 milhões das ações na IPO para serem compradas por alguns de seus maiores clientes, incluindo Intel Corp. (INTC), Apple Inc. (AAPL), Nvidia, Samsung Electronics Co. e Taiwan Semiconductor Manufacturing Co.

Com apenas US$ 14 bilhões arrecadados em IPOs nos EUA este ano, em comparação com os US$ 244 bilhões arrecadados até o momento em um 2021 recorde, a organização de investimentos âncora antes de uma listagem também está se mostrando popular entre outros candidatos a IPO. A Instacart Inc. e a Klaviyo Inc. também estão trazendo investidores antes de suas listagens.

A participação de investidores-âncora, combinada com o float menor, poderia impedir que os fundos lançassem ações para uma venda rápida assim que começassem a ser negociadas na Nasdaq.

Se a listagem da Arm e as da Instacart e da Klaviyo transcorrerem sem problemas, outras empresas, como a empresa de software Rubrik Inc. e a plataforma de compartilhamento de carros Turo Inc., poderão seguir o exemplo. Os banqueiros e outros observadores de IPOs dizem que as estreias bem-sucedidas dessas empresas ou de outras neste ano poderiam estimular um retorno mais completo das IPOs no primeiro semestre de 2024.

--Com a colaboração de Ian King

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