Infraestrutura para AI generativa é oportunidade, diz CEO da AWS no Brasil

Cleber Morais diz à Bloomberg Línea que a infraestrutura como data centers com capacidade para atender clientes com segurança se torna algo cada vez mais crítico

The logo of Amazon Web Services Inc (AWS) is displayed on a sign at a pop-up office ahead of the World Economic Forum (WEF) in Davos, Switzerland, on Monday, Jan. 21, 2019. World leaders, influential executives, bankers and policy makers attend the 49th annual meeting of the World Economic Forum in Davos from Jan. 22 - 25.
19 de Setembro, 2023 | 04:55 AM

Bloomberg Línea — Novos produtos e aplicações e geração de insights a partir de dados para conquistar novos clientes com uso de Inteligência Artificial (IA) generativa: tudo isso demanda uma infraestrutura tecnológica pesada, em particular na América Latina. São oportunidades que estão no radar da Amazon Web Services (AWS), disse Cleber Morais, CEO da AWS Brasil, em entrevista à Bloomberg Línea.

O executivo disse que é necessário que “essa infraestrutura esteja preparada para atender o cliente com atenção em particular ao pilar da segurança, que se torna cada vez mais crítico”.

Em um panorama marcado pelo crescimento de serviços em nuvem, a Amazon Web Services (AMZN) elegeu o Brasil como mercado crucial para alavancar a transformação digital na América Latina.

A AWS investiu mais de US$ 3,8 bilhões em data centers no Brasil desde 2011. No mundo, a AWS gera uma receita anual da ordem de US$ 88 bilhões, segundo os resultados mais recentes.

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Na última conferência com investidores, Andy Jassy, CEO da Amazon que sucedeu Jeff Bezos em junho de 2021, compartilhou uma singularidade do negócio da AWS: à medida que a demanda aumenta, a necessidade de investimento em capital também cresce. Isso se deve ao investimento antecipado em data centers e hardware, que posteriormente é amortizado ao longo do tempo.

Nesse cenário, a AWS Brasil tem alavancado investimentos, em especial na tecnologia de Inteligência Artificial (IA) generativa. A empresa lançou globalmente o AWS Generative AI Innovation Center e o programa AWS Generative AI Accelerator, ambos destinados a capacitar startups e clientes a desenvolver soluções inovadoras baseadas em IA generativa. O investimento é estimado em US$ 100 milhões.

Morais enfatizou que a democratização da tecnologia é conduzida com foco na segurança e na escalabilidade das soluções, estimulando fintechs e um ecossistema de desenvolvedores. A empresa não só capitaliza oportunidades de inovação como também é uma parceira para grandes empresas brasileiras, incluindo Natura, Embraer, Vivo e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Mercado de nuvem brasileiro

Pietro Delai, diretor de Soluções Empresariais do IDC para a América Latina, disse que, “na comparação do mercado total de nuvem em 2022 contra 2021, o Brasil cresceu um pouco acima da média da América Latina”. O IDC América Latina, braço da International Data Corporation, é uma empresa de consultoria e pesquisa de mercado focada na indústria de tecnologia da informação e comunicação.

“O Brasil está elevando a média do mercado”, disse. Mas o país não lidera o crescimento de nuvem na região em termos percentuais, já que a Colômbia cresceu um pouco mais, segundo Delai.

Na mesma conferência anteriormente citada, Jassy expressou seu desejo de aumentar os investimentos em capital na área de Inteligência Artificial generativa, indicando que isso seria um sinal de sucesso para os clientes que estão utilizando seus serviços.

No segundo trimestre, as vendas do segmento AWS aumentaram 12% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 22,1 bilhões. O lucro operacional da AWS foi de US$ 5,4 bilhões, comparado com US$ 5,7 bilhões no segundo trimestre de 2022.

O CFO da Amazon, Brian Olsavsky, mencionou na conferência que espera uma redução nos gastos de capital relacionados a atendimento e transporte em comparação ao ano anterior. Essa redução será parcialmente compensada pelo aumento dos investimentos em infraestrutura para dar suporte ao crescimento da AWS, o que inclui investimentos adicionais na área de IA generativa e modelos de linguagem.

“Acho que, quando se fala na grande explosão potencial na IA generativa, para o qual todos estão empolgados, incluindo nós, estamos nos estágios muito iniciais disso. Acho que será transformador, mas ainda é muito cedo”, disse Jassy durante a conferência com analistas e investidores.

Potencial de mercado

Em abril deste ano, a empresa demitiu funcionários em sua operação de serviços em nuvem em meio à desaceleração do crescimento das vendas mesmo na unidade mais lucrativa do negócio. Isso afetou profissionais da AWS na América Latina, baseados na Costa Rica.

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Na Amazon Brasil, há cerca de 8.000 funcionários e indiretos. A presença da AWS no Brasil começou há mais de uma década e precedeu até mesmo a entrada da operação de e-commerce no país.

“A exemplo dos serviços em nuvem, trabalhamos pela democratização dos modelos de IA generativa, vídeo em texto, texto em voz. Por trás há questões trabalhadas de segurança, escalabilidade da solução”, disse Morais durante o AWS Summit realizado em São Paulo no mês passado.

Morais lembrou que a empresa “tomou a decisão de investir na AWS Brasil há 11 anos, antes de Reino Unido, Canadá e Japão”, citando três grandes mercados e o potencial de crescimento local.

Morais também mencionou como a AWS fomentou uma comunidade de desenvolvedores no Brasil, o que impulsionou o avanço tecnológico do país e contribuiu para a ascensão de fintechs.

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Na Amazon, a maior parte dos gastos com tecnologia corporativa é dedicada a hardware e data centers locais que a AWS tenta suplantar com suas próprias ferramentas. Para o líder da AWS no Brasil, o foco da unidade de nuvem está em segurança e privacidade de dados. Ele disse que os dados dos clientes permanecem criptografados e sob o controle de cada um individualmente.

“A nuvem é a solução certa para tempos incertos”, disse. “Empresas de porte pequeno e médio têm o mesmo benefício de segurança, por exemplo, que um grande banco tem internamente. Isso passa a ser uma vantagem competitiva. Essas empresas de porte menor usam todo esse benefício da infraestrutura tecnológica que provemos. É uma democratização dos recursos da nuvem”, afirmou Morais.

Um dos exemplos citados foi uma parceria com o governo do Pará para um sistema que ajuda o governo na análise de licenciamento ambiental, além de investimentos em energia renovável, como um parque solar, ainda em construção, em colaboração com a EDP Brasil e a EDP Renováveis.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups