Spotify planeja aumento de preços e trabalha em novos planos, dizem fontes

Segundo pessoas ouvidas pela Bloomberg News, mercados afetados pelo aumento incluem Estados Unidos, Austrália, Paquistão e Reino Unido

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Por Lucas Shaw - Ashley Carman
03 de Abril, 2024 | 05:50 PM

Bloomberg — O Spotify (SPOT) planeja aumentar o preço de seu popular serviço de áudio em vários mercados importantes pela segunda vez em um ano – medida crucial para alcançar a lucratividade de longo prazo.

A gigante do streaming aumentará os preços em cerca de US$ 1 a US$ 2 por mês em cinco mercados até o final de abril, incluindo o Reino Unido, a Austrália e o Paquistão, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

A empresa aumentará os preços nos Estados Unidos, seu maior mercado, ainda este ano, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas por discutirem planos confidenciais.

Os preços mais altos ajudarão a cobrir o custo dos audiolivros, um serviço popular lançado no final do ano passado. O Spotify oferece aos clientes até 15 horas de audiolivros por mês em seu plano premium. Embora a empresa remunere as editoras pelos livros, até o momento, ela só tem coletado receita adicional dos ouvintes que excedem o limite.

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A empresa sueca também lançará um novo plano básico que oferecerá música e podcasts – mas não audiolivros – pelo valor mensal de US$ 11, preço atual de um plano premium individual, segundo as fontes. Os usuários desse plano básico precisarão pagar pelos audiolivros.

O novo plano básico é o primeiro de vários novos possíveis preços do Spotify. A empresa também trabalha no desenvolvimento de um plano “supremium”, que cobraria um preço mais alto pelo acesso a áudios de altíssima qualidade, entre outros recursos, como informou a Bloomberg no ano passado.

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Durante anos, o Spotify ofereceu à maioria dos clientes duas opções: um serviço gratuito, sustentado por anúncios e com funcionalidade limitada, e um produto pago com acesso ilimitado.

Mas a empresa perdeu dinheiro todos os anos desde que abriu capital em 2018, em grande parte porque paga cerca de 70% de suas vendas em royalties para a indústria da música. O Spotify pagou às gravadoras, artistas e outros mais de US$ 9 bilhões no ano passado – de uma receita total de US$ 13,2 bilhões.

A gestão do Spotify tentou reduzir a dependência da indústria da música ao oferecer outros tipos de entretenimento.

A empresa testou o uso de vídeos antes de decidir focar em muitos tipos diferentes de áudio. Ela começou investindo bilhões de dólares em podcasts, área crescente no setor de áudio sob demanda. Embora a administração tenha afirmado que os podcasts darão lucro este ano, o Spotify também demitiu milhares de funcionários e reduziu seu investimento em programação de áudio original.

Em 2023, a empresa anunciou grandes planos para audiolivros, campo dominado pela Audible, da Amazon (AMZN). Enquanto os clientes da Audible precisam pagar para ouvir quase todos os livros, o Spotify ofereceu a seus clientes acesso gratuito e limitado. Até o momento, os resultados têm sido sólidos, pelo menos em termos de consumo.

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A migração do Spotify para outros tipos de conteúdos alarmou seus parceiros da indústria da música, que temem que a empresa possa tentar reduzir seus royalties. Como resultado, as principais empresas de música pressionaram o Spotify e seus concorrentes a aumentar os preços.

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Ao passo que a Netflix (NFLX) dobrou o preço de seu plano mais popular nos últimos anos, o Spotify só aumentou os preços nos principais mercados em 2023 – a primeira vez desde que introduziu seu serviço de áudio premium nos EUA em 2011.

Apesar das preocupações com o cancelamento do serviço por parte de alguns assinantes, a empresa registrou seu melhor ano de crescimento de usuários de todos os tempos, com 113 milhões de novas inscrições em seus serviços gratuitos e pagos.

O Spotify tinha 602 milhões de usuários no final de 2023, incluindo 236 milhões de clientes pagantes.

O sucesso do aumento de preços deu confiança à administração para buscar ainda mais. Com os novos preços, os planos individuais aumentarão em cerca de US$ 1 por mês, e os planos familiares e os planos para casais aumentarão em US$ 2.

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Os maiores concorrentes do Spotify, a Apple (AAPL) e Amazon, também aumentaram os preços de seus serviços de música.

As empresas de música e os serviços de áudio também vêm discutindo maneiras de gerar mais dinheiro com os fãs mais fervorosos. Atualmente, todos os ouvintes pagam a mesma taxa pelo acesso ao catálogo de um músico.

Mas há fãs dispostos a pagar muito mais para apoiar um artista que amam, como evidenciado pelo aumento do preço dos ingressos para shows, produtos licenciados e até mesmo discos de vinil para artistas coreanos.

Entre as várias opções, os serviços de streaming discutiram a possibilidade de cobrar mais das pessoas pelo acesso antecipado a novas músicas. No entanto, as empresas relutam em alterar significativamente o principal produto pago – como o plano de US$ 11 por mês do Spotify, em que você pode ouvir tudo o que quiser. Mesmo sem a capitalização dos fãs mais fiéis, o custo desse serviço principal só tende a aumentar.

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