Na crise do setor aéreo, a United é exceção. E diz que avanço é a ‘ponta do iceberg’

Companhia aérea, cujas ações subiram mais de 80% neste ano, tem conseguido escapar rapidamente da dinâmica de descontos do setor e vê aumento de receitas em diferentes segmentos

As ações da United Airlines subiram mais de 80% neste ano como reflexo da melhoria dos resultados operacionais e financeiros
Por Mary Schlangenstein
18 de Outubro, 2024 | 01:29 PM

Bloomberg — A United Airlines apresentou um lucro no terceiro trimestre acima das expectativas de Wall Street, em um sinal de que a empresa tem conseguido se recuperar dos descontos generalizados nas tarifas que prejudicaram muitas companhias aéreas em diferentes mercados. E avisou que o cenário aponta para uma recuperação ainda mais consistente.

“Há uma quantidade incrível de capacidade [de assento] não lucrativa no mercado dos EUA, e vimos isso sair de cena em um ritmo acelerado a partir de meados de agosto, em algo que continua até o próximo ano”, disse o diretor comercial da United, Andrew Nocella, a analistas durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre na quarta-feira (16).

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“As mudanças que vimos até agora são apenas a ponta do iceberg.”

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O lucro ajustado foi equivalente a US$ 3,33 por ação no período, acima da média de US$ 3,07 das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg. A empresa também autorizou uma nova recompra de ações no valor de US$ 1,5 bilhão, incluindo até US$ 500 milhões neste ano.

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Os resultados indicam que a United tem se recuperado rapidamente dos cortes profundos de preços em todo o setor, uma vez que as empresas aéreas lutaram para preencher um excesso de assentos no mercado durante a temporada de viagens de verão no hemisfério norte.

Companhias aéreas cortaram planos de voos “improdutivos” em meados de agosto, como esperado, e a United viu “um claro ponto de inflexão em nossas tendências de receita”, disse Scott Kirby, CEO da companhia aérea, em um comunicado na terça-feira (15).

As ações da United subiram mais de 15% desde o fechamento da terça-feira (16), véspera da divulgação do resultado do terceiro trimestre. As ações se valorizaram em mais de 80% neste ano, muito acima do avanço de cerca de 23% do índice S&P 500 no mesmo período.

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O movimento de recompra de ações foi "um voto de confiança renovador do conselho no potencial de longo prazo da estratégia de crescimento da United", disse o analista do Barclays Brandon Oglenski em uma nota aos clientes. O banco vê um "valor significativo" nas ações da empresa no longo prazo, disse ele.

Neste ano, a United conseguiu, em grande parte, evitar os grandes problemas que afetaram suas maiores rivais.

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Em julho, os voos da Delta Air Lines (DAL) ficaram paralisados por vários dias devido a uma falha tecnológica da empresa CrowdStrike.

A American Airlines (AAL) tenta se recuperar de uma perda de clientes corporativos.

A Southwest Airlines enfrenta um investidor ativista - a Elliot Investment, de Paul Singer - que busca uma reforma na liderança e na estratégia, enquanto tenta transformar seu modelo de negócios.

Os órgãos reguladores da aviação dos Estados Unidos concluíram recentemente uma análise das operações da United, após não encontrarem problemas graves de segurança.

A United disse que espera um lucro ajustado para o quarto trimestre de US$ 2,50 a US$ 3 por ação. O ponto médio dessa faixa é consistente com os US$ 2,75 por ação esperados pelos analistas.

A Delta, a primeira grande companhia aérea a divulgar os resultados do período mais recente, previu na semana passada um lucro e vendas para o quarto trimestre abaixo das estimativas dos analistas.

A receita de US$ 14,8 bilhões do terceiro trimestre também superou o consenso de US$ 14,7 bilhões de Wall Street. Os resultados foram ajudados por um aumento de 13% nas vendas de viagens corporativas em relação ao ano anterior e um aumento de 5% na receita premium.

As vendas de passagens econômicas básicas, uma tarifa voltada para atrair viajantes de companhias aéreas com desconto, aumentaram 20%.

A United (UAL) havia dito anteriormente que um indicador da demanda e dos preços do setor se tornou positivo em agosto, antes de uma melhora em setembro em todo o setor, já que as empresas aéreas começaram a cortar rotas não lucrativas e as tarifas começaram a subir.

A nova autorização de recompra de ações da United é a primeira da empresa desde que a pandemia levou as viagens aéreas a uma quase paralisação em 2020. As recompras serão financiadas pelo fluxo de caixa livre, disse a companhia aérea.

Com a contagem de ações da United cerca de 30% maior do que há cinco anos, a retomada das recompras “foi um marco há muito esperado pelos investidores”, disse o analista da TD Cowen, Tom Fitzgerald, em uma nota a clientes.

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