Filhos de bilionário de Dubai querem criar arquipélago em forma de mapa-múndi

Projeto, que ficou engavetado devido à crise de crédito, prevê a construção de 24 mansões, um clube de praia e dois helipontos

World Islands em Dubai
Por Zainab Fattah
04 de Maio, 2024 | 05:18 PM

Bloomberg — Por anos, um arquipélago artificial construído no formato de um mapa-múndi foi visto como um símbolo dos excessos que levaram Dubai à beira da falência no passado. Agora, os filhos de um bilionário do setor imobiliário buscam ressuscitar o projeto com mansões na praia a partir de US$ 13,6 milhões.

Ali Sajwani, 33 anos, e sua irmã Amira, 29 anos, planejam construir 24 mansões, um clube de praia e dois helipontos, além de atracadouros para iates e barcos em uma ilha de 111.500 metros quadrados que eles estão chamando de Amali.

Seu pai, Hussain Sajwani, é o fundador da Damac Properties PJSC, uma incorporadora, e tem um patrimônio líquido de US$ 3,2 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

A estatal Nakheel PJSC havia terminado a criação do arquipélago “The World” de mais de 250 ilhas no Golfo Pérsico por US$ 13 bilhões em 2008. Mas a incorporadora, que também criou as famosas ilhas em forma de palmeira de Dubai, foi forçada a suspender o trabalho em todos os seus projetos depois que uma crise de crédito atingiu a empresa no final daquele ano.

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Preços em queda e dívidas crescentes na empresa acabaram levando a um resgate financeiro do vizinho Abu Dhabi.

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Desde então, a sorte do setor se inverteu, e o emirado é agora um dos mercados imobiliários de melhor desempenho no mundo. Preços de imóveis, tanto para aluguéis quanto vendas, bateram recordes ajudados pela entrada de compradores de alto poder aquisitivo de todo o mundo.

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As vendas de mansões dispararam. Dubai registrou 431 transações de casas avaliadas em pelo menos US$ 10 milhões em 2023, o que foi o maior número em relação a qualquer outra cidade do planeta, de acordo com dados da Knight Frank.

O crescimento ajudou Dubai a ressuscitar projetos que estavam inativos por quase 15 anos. Nos últimos meses, empreendimentos na Palm Jebel Ali, a maior das famosas ilhas artificiais em forma de palmeira da cidade, junto com projetos nas ilhas Deira atraíram muitos compradores — alguns deles fazendo fila para adquirir casas de US$ 5 milhões.

Ilustração do desenvolvimento da Ilha Amali. Fonte:dfd

Projeto desafiador

A ilha Amali, nomeada em homenagem à empresa dos irmãos, será formada pela fusão das ilhas Uruguai e São Paulo que eles adquiriram no mercado secundário. Das 24 mansões planejadas, 19 já foram vendidas, disse Ali Sajwani.

Desenvolver o projeto nas ilhas “The World” será desafiador. Só é possível chegar ao local por um trajeto de barco de 15 minutos a partir da cidade, e a infraestrutura básica, como água encanada e eletricidade, não está prontamente disponível.

Também será um processo custoso, pois a empresa terá que realizar trabalhos de dragagem, fazer melhorias de solo e no mar, e construir uma parede subaquática ao redor da ilha para manter as praias para o cliente, disse Sajwani.

A empresa trabalha na construção de um resort nas Maldivas que será administrado pelo Mandarin Oriental Hotel e o projeto a preparou para a tarefa, segundo ele.

“No passado, havia muito terreno disponível para construção de frente para o mar dentro da cidade”, disse Sajwani. “Hoje, a faixa litorânea de Dubai está meio que esgotada, e as ilhas The World são um dos últimos projetos em que você tem praias e águas cristalinas, e foi isso que nos encorajou a ir e desenvolver o projeto nas ilhas.”

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As mansões terão de 1.000 a 3.500 metros quadrados e oferecerão vistas desobstruídas do mar e do icônico skyline da cidade.

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História problemática

Os irmãos Sajwani não são os primeiros a desenvolver empreendimentos no arquipélago, onde as ilhas têm nomes de países e cidades mesmo que os terrenos em si não lembrem as formas desses locais.

Anantara Hotels & Resorts abriu uma propriedade de 70 quartos na seção da América do Sul do arquipélago em 2022 e um clube de praia foi aberto na ilha do Líbano antes disso. Mas o projeto permaneceu praticamente abandonado, um lembrete do passado problemático de Dubai quando uma onda especulativa levou a uma das piores quebras imobiliárias do mundo.

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O Grupo Kleindienst, da Áustria, foi um dos primeiros a começar o trabalho na ilha com um projeto conhecido como o Coração da Europa há mais de uma década. O projeto foi atormentado por atrasos ao longo dos anos, mas a empresa conseguiu finalmente abrir seu Hotel Cote dAzur Mônaco no início deste ano.

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