‘Como falar Faria Limês’: como é a disputa por talentos no mercado financeiro

No novo episódio do videocast da Bloomberg Línea, executivos de recrutamento e treinamento para o mercado financeiro contam sobre as movimentações nas maiores empresas do país

Vista da av. Faria Lima, em São Paulo
17 de Abril, 2024 | 06:08 AM

Bloomberg Línea — A busca por profissionais qualificados no cenário corporativo da Faria Lima é uma atividade intensa e altamente competitiva.

Com remunerações totais - o total compensation, que inclui salários, bônus, stock options etc. - que ultrapassam a casa de R$ 1 milhão ao ano (para cargos como diretor executivo comercial e senior private banker, entre outros), trabalhar na liderança do mercado financeiro no Brasil ainda é para poucos. Isso torna essa seleção um desafio à parte para bancos de investimento, gestoras e corretoras.

Ainda que o último ano tenha visto uma “ressaca” nas contratações do mercado financeiro, segundo um estudo da consultoria global de recrutamento Michael Page, as movimentações no setor tendem a acompanhar a retomada nas transações financeiras.

Até agora, em 2024, com a expectativa de aumento de ofertas de ações, maior entrada de recursos para fundos de investimento e ainda o boom nas áreas de tecnologia e inteligência artificial, a busca por lideranças ganhou tração.

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“Nesse cenário de diferentes atuações, nem sempre a empresa sabe quem ela quer contratar. Ela sabe aonde quer chegar, mas não quem é a pessoa, quais as competências necessárias para isso”, disse Lucas Oggiam, diretor-executivo na Michael Page, uma das maiores agências de headhunting do mundo.

“Às vezes a mesma posição, em empresas no mercado que são concorrentes, têm coisas completamente diferentes. A dor é diferente, os objetivos de longo e médio prazo são diferentes.”

Diferentemente de agências de recrutamento tradicionais, que podem focar em uma ampla gama de posições e candidatos, as agências de headhunting concentram-se principalmente em recrutar executivos de alto nível, especialistas altamente qualificados e profissionais em demanda para cargos-chave dentro das organizações.

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Essas agências geralmente trabalham de forma proativa, buscando ativamente os profissionais mais talentosos em um determinado setor ou campo e os abordando para oportunidades de emprego, mesmo que esses profissionais não estejam ativamente buscando uma nova posição.

Eles são conhecidos por usar técnicas de pesquisa sofisticadas, redes de contatos extensas e abordagens personalizadas para encontrar os candidatos ideais para as necessidades específicas de seus clientes.

A conversa com Lucas Oggiam, Camila Marion e Raony Rossetti faz parte do videocast “Como Falar Faria Limês”, nova série da Bloomberg Línea que é gravada nos estúdios da B3, em São Paulo.dfd

“Quando pensamos na remuneração desses profissionais, a gente se dá conta de que grande parte da remuneração do pacote está no variável. Elas podem até dobrar sua remuneração anual não variável com isso. São cargos de alto risco, mas você pode ser altamente recompensado”, contou Camila Marion, sócia da Exec, uma agência de headhunting brasileira com foco na região da Faria Lima.

Segundo ela, as estratégias usadas pelas empresas para conseguir captar os profissionais mais disputados pelo mercado variam de acordo com necessidades tanto da companhia como do candidato em questão, que, por vezes, precisa mudar de cidade ou estado junto com a família para a nova posição.

“Há as gerações mais novas também, que buscam propósito e plano de carreira, além da remuneração. A empresa também está preocupada com isso porque ajuda a reter mais talentos”, disse Marion.

Como trabalhar no mercado financeiro?

Antes de chegar à disputa pelos maiores cargos dentro das empresas, outro desafio das empresas é recrutar os profissionais de entrada do mercado financeiro. O volume de investimentos realizado por brasileiros pessoas físicas somavam R$ 5,5 trilhões em setembro de 2023, um aumento de 9,7% em comparação com o total em dezembro de 2022, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Isso segue um aumento no número de pessoas que investem em produtos financeiros, o que, consequentemente, eleva a demanda por profissionais que assessoram tais atividade.

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Em boa parte dos onze anos que passou na XP, maior corretora do país, Raony Rossetti via o que entendia como uma incoerência: de um lado, empresas concorrentes que “roubavam” funcionários umas das outras. Do outro, potenciais candidatos a trabalhar no mercado financeiro, mas sem saber por onde começar.

“Eu me perguntava sobre as pessoas das mais variadas formações, de vários cantos do Brasil, que tinham perfil para o mercado financeiro, mas que não sabiam o caminho para isso. Aquilo para mim era tão óbvio que, depois do IPO da XP, eu encerrei minha fase na XP para fundar a Melver”, contou o executivo, que hoje lidera uma escola de formação de profissionais para o mercado, com assessoria para a obtenção dos principais certificados e a colocação deles, mais tarde, em empresas do setor.

Esses certificados são, muitas vezes, um pré-requisito para determinados cargos, como analista ou assessor independente. Emitidas por entidades como Anbima, Apimec ou CFA, as certificações são específicas para diversos papéis, incluindo analista, consultor de investimentos, gestor de carteiras e profissionais que trabalham com segmentos de alta renda.

A mais prestigiada é o Chartered Financial Analyst (CFA). Com o CFA, os especialistas podem exercer consultorias de investimento e ocupar cargos em bancos e empresas no exterior.

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Já o CPA-20 foca na distribuição de produtos de investimentos para clientes de varejo de alta renda em bancos ou plataformas de atendimento. E o CEA certifica profissionais que assessoram os gerentes de conta de clientes pessoas físicas em investimentos, com possibilidade de indicar produtos.

Como Falar Faria Limês

A conversa com Lucas Oggiam, Camila Marion e Raony Rossetti faz parte do videocast “Como Falar Faria Limês”, nova série da Bloomberg Línea que é gravada nos estúdios da B3, em São Paulo. A série com oito episódios tem como convidados profissionais de diferentes áreas para mergulhar no coração do mundo financeiro e corporativo brasileiro de forma divertida, acessível e esclarecedora.

Os debates abordam desde conceitos fundamentais de negócios até questões sociais e culturais, incluindo a presença de mulheres na Faria Lima, urbanismo, estilo de vida e o espaço da comunidade LGBTQIA+. O quinto episódio, sobre carreira e salários, está disponível no YouTube e no Spotify.

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