BYD, rival chinesa da Tesla, vai investir R$ 3 bi no Brasil em 1º hub fora da Ásia

Decisão segue os esforços do governo brasileiro para aprofundar laços com a China e atrair grandes empresas como a BYD para investir no país

Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, durante uma entrevista no escritório da companhia em Los Angeles (EUA)
Por Leonardo Lara
04 de Julho, 2023 | 10:13 AM

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Bloomberg — A BYD investirá R$ 3 bilhões no Brasil para construir sua primeira fábrica de carros elétricos fora da Ásia, enquanto a gigante automotiva chinesa busca ampliar seu alcance geográfico em meio a um aumento global nas vendas.

A fabricante de veículos totalmente elétricos e híbridos plug-in – que rivaliza com a Tesla (TSLA) como maior produtora mundial de EVs (veículos elétricos) – planeja construir um complexo de produção na cidade de Camaçari, na Bahia, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (7).

A instalação incluirá a produção de carros híbridos e elétricos, uma unidade focada em chassis para ônibus e caminhões elétricos e uma para processamento de lítio e fosfato de ferro para o mercado internacional.

Espera-se que as operações comecem no segundo semestre de 2024.

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A planta de veículos elétricos será a primeira da BYD fora da Ásia, onde a empresa também planeja investir na Tailândia e no Vietnã.

A decisão segue os esforços do governo brasileiro, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para aprofundar os laços entre a maior economia da América Latina e a China e atrair grandes empresas como a BYD para investir no país.

Esses esforços acelerarão os investimentos, principalmente em projetos sustentáveis, e ajudarão a impulsionar o crescimento, de acordo com Stella Li, vice-presidente global da BYD.

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“Este é um país em que confiamos e este é um governo em que confiamos”, disse Li em entrevista à Bloomberg News em São Paulo.

“Vejo uma posição ganha-ganha de China e Brasil para construir um relacionamento de alto nível e muito amigável. E isso está fazendo uma grande diferença.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Xi Jinping em abril e assinou 15 acordos avaliados em cerca de R$ 50 bilhões em compromissos de investimentos chineses.

Lula tem cortejado empresas chinesas para construir novas fábricas no Brasil, criar empregos e cumprir sua promessa de prosperidade.

A fábrica da BYD terá capacidade anual inicial de 150.000 unidades, com potencial para chegar a 300.000 unidades.

Será a segunda instalação dedicada exclusivamente a carros elétricos e híbridos no Brasil. Há dois anos, a Great Wall Motors fechou acordo para comprar uma fábrica da Daimler AG em São Paulo, prometendo investimentos de R$ 10 bilhões até 2032.

A BYD espera que o investimento atraia fornecedores locais que podem se especializar na produção de veículos elétricos e híbridos. O local vai gerar mais de 5.000 empregos.

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“Isso se tornará o centro de inovação”, disse Stella Li, acrescentando que os fornecedores serão treinados. “Como possuímos a tecnologia, temos a capacidade de ajudá-los.”

A empresa chinesa está no Brasil desde 2015, quando inaugurou uma fábrica de chassis de ônibus elétricos em São Paulo. Posteriormente, passou a produzir módulos fotovoltaicos na mesma região e baterias de fosfato de ferro e lítio no Amazonas.

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O mercado do Brasil tem potencial para se desenvolver da mesma forma que o da China, com veículos híbridos gradualmente dando lugar a tecnologias puramente elétricas à medida que a infraestrutura de carregamento melhora, de acordo com Li.

Mas a tecnologia terá que competir com carros movidos a etanol, outra solução mais limpa que domina as ruas brasileiras.

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As vendas de veículos híbridos ou elétricos no Brasil representaram apenas 2,5% do total no ano passado, segundo a Anfavea.

A tecnologia deve atingir 7% das vendas de veículos leves até 2030, muito abaixo da média mundial estimada de 37%, segundo a Bright Consulting.

Mas, ao contrário dos EUA – um mercado que a BYD está evitando porque o governo não é claro sobre seus planos “em relação às companhias chinesas” – o Brasil está bem posicionado na estratégia de expansão da empresa, disse ela.

“O Brasil quer que mais empresas chinesas invistam aqui, para ajudar a economia local”, disse Li. “A visibilidade para o futuro é um fator importante para nós.”

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-- Com a colaboração de Dayanne Sousa e Danny Lee.

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