Alertas sobre ‘fraca demada’ caminham para recorde nesta temporada de resultados

Com pouco mais da metade dos grandes balanços já divulgados nos EUA e na Europa, comentários sobre preocupações com a demanda se acumulam

Las acciones caen mientras las preocupaciones económicas y bancarias elevan los bonos
Por Michael Msika
03 de Novembro, 2023 | 08:29 AM

Bloomberg — Mais empresas estão sinalizando preocupações sobre o risco iminente de uma desaceleração econômica nesta temporada de balanços, adotando um tom cauteloso.

Passada mais da metade da safra de resultados do terceiro trimestre, a “fraca demanda” está entre os termos mais presentes nas apresentações, de acordo com uma análise da Bloomberg dos relatórios de empresas listadas nos índices de referência S&P 500 e Stoxx Europe 600.

Se o ritmo de menções se mantiver nas próximas semanas, será o maior já registrado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg desde 2000.

De empresas voltadas para o consumidor àquelas industriais e de tecnologia, os relatórios trimestrais estão refletindo preocupações mais profundas, que vão desde a desaceleração da demanda até o impacto da inflação e das taxas de juros mais altas sobre o orçamento dos consumidores, cada vez mais preocupados com as despesas.

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As principais companhias listadas alertaram sobre essas perspectivas em vários setores, incluindo Meta Platforms (META), Worldline, Ericsson, Alstom, FMC, Hennes & Mauritz, Pfizer (PFE) e Sanofi (SNY).

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As campanhas agressivas de aumento dos juros por parte dos principais bancos centrais do mundo para controlar a inflação estão afetando a economia, reduzindo a demanda e aumentando os custos de financiamento, além de pressionar as previsões. A situação é pior na Europa, onde os dados do PMI têm sido fracos e não dão sinais de recuperação.

Além disso, embora as empresas tenham repassado os custos mais altos para os consumidores durante a maior parte do ano, as coisas parecem mais difíceis agora, pressionando as margens.

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“O sentimento das empresas em relação à economia e às perspectivas é pessimista”, escreveram os estrategistas do Barclays, liderados por Emmanuel Cau, em nota. “Nossa análise dos comentários das empresas do Stoxx 600 que divulgaram seus números até agora revela que a maioria está mais negativa em relação à economia do que nos últimos trimestres.”

Os estrategistas disseram que as empresas parecem ter se tornado mais cautelosas quanto às perspectivas gerais para a demanda em seus negócios. Eles veem o enfraquecimento do sentimento das empresas refletido na tendência de aumento nas menções sobre o cenário macroeconômico nesta temporada.

“Com quase metade dos relatórios ainda a serem publicados, o resultado pode ser notavelmente mais alto em comparação com os últimos trimestres”, acrescentaram.

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Além de as menções à “demanda fraca” terem aumentado, o sentimento corporativo caiu e o guidance atingiu níveis médios, de acordo com os estrategistas do Bank of America, liderados por Savita Subramanian, em uma nota recente sobre as empresas do S&P 500.

“Até que surjam sinais reais de aumento da demanda, as empresas não têm incentivo para fornecer guidances agressivos”, escreveram eles, observando que o crescimento real das vendas das empresas continua negativo em 2,5% em relação ao ano anterior.

A Europa está enfrentando outra tendência preocupante, de acordo com Andreas Bruckner, do BofA, que destaca que apenas 34% das empresas do Stoxx 600 tiveram resultados positivos nas vendas até o momento, o nível mais baixo desde o primeiro trimestre de 2014 e bem abaixo da média de longo prazo de 52%.

As vendas ficaram próximas do nível mais baixo em uma década, enquanto o total de surpresas positivas de vendas atingiu um recorde de baixa, segundo mencionou Bruckner em uma nota na segunda-feira (30).

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Nas últimas semanas, os analistas começaram a reduzir as estimativas com base em resultados que se mostraram resilientes, mas não impressionantes. Ainda assim, embora outros cortes possam ser esperados, grande parte já pode ter sido precificada pelo mercado, de acordo com Cau, do Barclays.

“O movimento acentuado de queda nos mercados já indica que os investidores estão cientes do contexto, o que pode acabar limitando o lado negativo quando as estimativas de lucro por ação forem realmente cortadas no próximo ano”, disse ele.

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