Ouro sobe 14% desde fevereiro: o que tem levado o metal a alcançar preço recorde

Após uma série de picos em sessões recentes, o metal precioso saltou 1,6% nesta segunda-feira (1º) para US$ 2.265,73 por onça

Gold bars.
Por Jake Lloyd-Smith e Eddie Spence
01 de Abril, 2024 | 09:46 AM

Bloomberg — O ouro atingiu um recorde com sinalizações de que o Federal Reserve (Fed) está mais próximo de reduzir as taxas de juros, ampliando um rali que também tem sido impulsionado por tensões geopolíticas e pela robusta demanda chinesa.

O metal precioso saltou para até US$ 2.265,73 por onça nesta segunda-feira (1º), um aumento de 1,6% em relação ao fechamento de quinta-feira (28), após estabelecer uma série de picos em sessões recentes.

O índice preferido do Fed para medir a inflação subjacente – o índice de gastos de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) – arrefeceu em fevereiro, segundo os dados divulgados na sexta-feira, quando muitos mercados estavam fechados.

Uma série de drivers positivos elevou o preço do ouro em cerca de 14% desde meados de fevereiro. A perspectiva de flexibilização monetária pelos principais bancos centrais e as tensões elevadas no Oriente Médio e na Ucrânia têm sustentado a alta.

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Também houve forte compra pelos bancos centrais, particularmente na China, enquanto os consumidores lá têm acumulado ouro diante dos problemas contínuos na maior economia da Ásia.

Após os números de inflação, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os resultados estavam “praticamente em linha com as expectativas” e que não há pressa para reduzir as taxas.

Na sexta-feira (5), os investidores terão outra oportunidade de avaliar a perspectiva para a economia dos Estados Unidos e a política monetária do banco central, com a expectativa de que os salários mensais aumentem pelo menos 200.000 pelo quarto mês consecutivo.

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Os mercados de swaps estão precificando uma chance de 61% de um corte do Fed em junho, acima de 57% na quinta-feira (28). Taxas mais baixas costumam ser positivas para o ouro, que não paga juros.

“Os dados da inflação e os comentários de Powell, em particular, deram um impulso adicional ao ouro, com o mercado cada vez mais convencido de que o Fed começará a cortar as taxas em junho”, disse Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING Groep NV.

Demanda chinesa

O ouro à vista subiu 1,4% para US$ 2.261,14 por onça em Singapura nesta segunda, após subir 3% na semana passada. O índice de força relativa de 14 dias estava perto de 79, acima do nível de 70 que indica para alguns investidores que os preços podem ter subido muito e rápido demais.

O Índice Bloomberg Dollar Spot, de dólar à vista, recuou 0,1%, enquanto prata, platina e paládio operam em alta.

A demanda por ouro na China tem sido pronunciada nos últimos trimestres. O banco central do país adicionou volumes substanciais de ouro às suas reservas, aumentando os estoques em cada um dos últimos 16 meses. Além disso, a compra de ouro tem ganhado popularidade entre os jovens chineses.

As perspectivas positivas do metal foram endossadas por uma série de grandes bancos. Entre eles, o JPMorgan (JPM) disse no mês passado que o metal era sua principal escolha nos mercados de commodities, e o preço pode atingir US$ 2.500 por onça este ano.

O Goldman Sachs (GS) disse que vê potencial para US$ 2.300, destacando os benefícios de um ambiente de taxas de juros mais baixas.

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Ainda assim, a ascensão do ouro ainda não despertou o interesse dos investidores que preferem exposição ao metal por meio de fundos de índice negociados em bolsa (ETFs).

As participações globais em ETFs lastreados em ouro diminuíram mais de 100 toneladas no primeiro trimestre, atingindo o nível mais baixo desde 2019 em meados de março, antes de um pequeno aumento, de acordo com um levantamento da Bloomberg.

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