O que esperar para as ações da China após perda de US$ 6,3 tri em valor desde 2021

Mesmo com estímulos, analistas avaliam que fundamentos para os negócios no país seguem ruins; índice Hang Seng caiu 6% esta semana

Edifícios residenciais em construção em Zhengzhou, província de Henan, China: setor imobiliário está em crise
Por Charlotte Yang - Abhishek Vishnoi
19 de Janeiro, 2024 | 12:16 PM

Bloomberg — As bolsas chinesas encerraram mais uma semana negativa. As ações de empresas negociadas em Hong Kong lideraram as perdas globais neste início de ano.

O declínio se reflete em marcos significativos nos últimos dias: Tóquio ultrapassou Xangai como maior mercado de renda variável da Ásia, enquanto o prêmio das ações da Índia sobre às da China atingiu um recorde. Na China, o colapso causa perdas para o setor de gestão e levou o fechamento de fundos mútuos a uma máxima de cinco anos.

O Hang Seng China Enterprises Index já perdeu 11% em 2024. Após uma sequência recorde de quatro anos de queda, o tombo reforça uma mudança estrutural que leva desde gestoras de ativos até fundos passivos a dar as costas ao mercado chinês.

Ao todo, cerca de US$ 6,3 trilhões foram eliminados em valor de mercado na China e Hong Kong desde o pico atingido em 2021, o que ressalta o desafio enfrentado pelo governo em Pequim ao tentar frear a perda de confiança dos investidores.

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As autoridades descartam a utilização de estímulos para reanimar a economia e deixam os operadores sem saber quando a situação irá melhorar.

Gestores de fundos na Ásia reduziram sua alocação em China em 12 pontos percentuais, para uma subponderação líquida de 20%, a mais baixa em mais de um ano, de acordo com a última sondagem do Bank of America.

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“O que estamos vendo este ano até agora é realmente uma continuação do que vimos no ano passado”, disse John Lin, diretor de investimentos em renda variável na China da AllianceBernstein, em entrevista à Bloomberg TV. Até agora, as políticas de estímulo “não foram capazes de inverter os fundamentos subjacentes de áreas como o setor imobiliário.”

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O índice Hang Seng, de empresas chinesas, despencou mais de 6% esta semana e caminha para registrar seu pior desempenho para o mês de janeiro em oito anos.

O CSI 300, das bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu em nove das últimas 10 semanas. Sinais de que fundos estatais compraram fundos negociados em bolsa e uma decisão da maior corretora da China de suspender vendas a descoberto para alguns clientes não foram suficientes para frear as perdas.

Além da crise imobiliária, falta de confiança do consumidor e risco de uma espiral deflacionária na China, as recentes incertezas sobre a trajetória de juros nos EUA e a ameaça de vendas automáticas de posições estruturadas em ações chinesas aumentaram as preocupações dos investidores.

Fundos que acompanham índices venderam US$ 300 milhões líquidos em ações negociadas na China continental e em Hong Kong este mês, segundo o Morgan Stanley. Isto representa uma reversão em relação ao último semestre de 2023, quando compraram US$ 700 milhões líquidos, mesmo com a queda dos índices.

“A China é um jogo de espera e continuamos esperando”, disse Mark Matthews, chefe de pesquisa na Ásia do banco Julius Baer, que atualmente evita ações chinesas.

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