Bloomberg Línea — O Federal Reserve decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano. É a quarta vez seguida que a autoridade monetária mantém a taxa de juros desde que ela foi reduzida para o patamar atual em dezembro de 2024.
A decisão já era amplamente antecipada por analistas e investidores e reflete a postura de cautela do Fed diante das incertezas econômicas, após o presidente Donald Trump ter negociado acordos com a China para adiar o aumento das tarifas comerciais.
Na decisão desta quarta-feira (18), o Fed também divulgou novas projeções econômicas dos dirigentes, que foram atualizadas em relação à divulgação de março.
O banco central americano revisou de 1,7% para 1,4% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, refletindo os impactos iniciais das tarifas comerciais.
Enquanto isso, a projeção de inflação para este ano subiu de 2,7% para 3%, ainda que o núcleo dos índices preços tenha mostrado sinais de desaceleração nos últimos meses.
No chamado dot plot, a mediana das projeções de juros continuou indicando dois cortes até o fim do ano em relação ao nível atual, com a taxa projetada encerrando 2025 em 3,9%, mesma estimativa divulgada em março. Embora a mediana não tenha mudado, a distribuição dos votos sugere que menos participantes projetam cortes mais agressivos.
Para 2026, a mediana foi elevada de 3,4% para 3,6%, sinalizando uma trajetória de redução de juros mais lenta no ano que vem do que a antecipada anteriormente. A mudança reforça a percepção de que a política monetária pode seguir mais restritiva por mais tempo, diante dos riscos inflacionários.
Os índices de ações subiam após a divulgação. Por volta das 15h11 (horário de Brasília), o S&P 500 avançava 0,24% e o Nasdaq subia 0,34%. No Brasil, o Ibovespa tinha ganhos de 0,09% no mesmo horário.
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Em comunicado divulgado logo após a reunião de dois dias do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), o Fed afirmou que “a incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas continua elevada”, suavizando o tom em relação à decisão anterior.
O banco central também reiterou seu compromisso com o cumprimento do duplo mandato de atingir o máximo de emprego e uma inflação estável em torno da meta de 2%.
“O Comitê está fortemente comprometido em apoiar o máximo de emprego e em trazer a inflação de volta à sua meta de 2%”, diz o comunicado do Fed.
Investidores agora aguaram a coletiva de imprensa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a partir das 15h30 (horário de Brasília).
Economia resiliente
Nos últimos meses, os dados econômicos têm mostrado crescimento ainda sólido, inflação em queda e mercado de trabalho resiliente.
O núcleo índice de preços preferido pelo Fed - PCE - avançou 2,1% nos 12 meses até abril, ligeiramente acima da meta de 2% do Fed, sinalizando desaceleração em relação a períodos anteriores.
Já o desemprego segue em níveis historicamente baixos, sustentado por uma taxa de contratação ainda robusta. A taxa de desemprego se manteve em 4,2% em maio – o mesmo nível de abril e março –, enquanto o número de novos empregos gerados foi de 139.000.
A combinação desses fatores tem dado suporte à política atual de manutenção dos juros, mesmo com os alertas de que as tarifas impostas por Trump ainda podem pressionar os preços nos próximos trimestres, ainda que as tarifas mais elevadas tenham sido postergadas.
Embora parte dos investidores espere o início de cortes a partir de setembro, o cenário ainda é incerto. Em sua decisão anterior, em maio, o Fed indicou que a incerteza sobre a economia havia aumentado com os novos riscos inflacionários associados às tarifas comerciais.
Desde então, algumas dessas medidas foram adiadas, e as negociações avançaram, reduzindo as apostas em uma recessão no curto prazo. Em abril, 26% dos economistas consultados pela Bloomberg previam uma recessão nos 12 meses seguintes; hoje, esse número caiu para 10%.
– Com informações da Bloomberg News. Atualizada às 15h20 para incluir informações do dot plot.
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