Morgan Stanley vê corte de juros pelo Fed em junho e espera quatro reduções em 2024

Expectativa do banco americano está mais dovish do que a do mercado financeiro e a do BC americano, de três cortes das taxas este ano

Ellen Zentner, economista-chefe dos EUA do Morgan Stanley
Por Lizzy Burden - Guy Johnson - Manus Cranny
05 de Abril, 2024 | 09:11 AM

Bloomberg — O Federal Reserve está no caminho certo para reduzir juros em junho, segundo Ellen Zentner, economista-chefe para EUA do Morgan Stanley (MS).

“Será mais uma questão de inflação, se o Fed cortar já em maio”, disse ela à Bloomberg TV nesta sexta-feira (5). “Acho que os requisitos são muito altos para eles agirem tão cedo. Mas ainda espero que estejam prontos em junho.”

Em entrevista durante o fórum internacional da European House-Ambrosetti, em Cernobbio, na Itália, Zentner disse acreditar que a expectativa do mercado de cerca de três cortes este ano “está em linha com a visão do Fed”.

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Nós esperamos quatro cortes, na verdade esperamos que eles acelerem os cortes no quarto trimestre do ano, porque vemos a inflação caindo mais rápido nessa altura do que o Fed”, disse ela. “Não creio que o momento em que os bancos centrais em todo o mundo começarão a cortar seja realmente um problema.”

Durante o mesmo evento, o economista Nouriel Roubini, atualmente chairman da Roubini Macro Associates, destacou a reversão dos mercados que estão agora menos otimistas em relação aos cortes do que o próprio Fed.

“As pessoas no mercado estão começando a se perguntar se a inflação poderia ser mais alta”, disse ele à Bloomberg TV.

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Isso aconteceria “ou porque a economia dos EUA não aterriza, com crescimento superior ao esperado e inflação não caindo tanto, ou em uma situação em que alguns dos riscos geopolíticos que agora estão sendo contabilizados – como preços da energia – terão um impacto sobre a inflação”, disse ele.

Richard Koo, economista-chefe do Nomura Research Institute, disse ter certeza de que o Fed quer cortar, já que juros elevados também significam um déficit orçamentário muito maior.

“O banco central vai querer realmente baixar os juros para não ter de pagar tantos juros sobre o excedente de reservas” dos bancos, disse ele à Bloomberg. “Depende muito de para onde a economia está caminhando.”

-- Com a colaboração de Kriti Gupta e Anna Edwards.