Bloomberg Línea — A morte do candidato à presidência na Colômbia Miguel Uribe Turbay nesta manhã de segunda-feira (11), vítima de atentado político há dois meses, tem causado comoção e questionamentos em diferentes partes do mundo.
Uribe Turbay, 39 anos, ficou cerca de dois meses em tratamento intensivo na Fundação Santa Fé, em Bogotá.
Ele era senador pelo partido oposicionista de direita Centro Democrático e um crítico do governo do presidente Gustavo Petro, de esquerda, pelo que considerava retrocessos em questões econômicas, sociais e de segurança.
Ele era neto do ex-presidente da Colômbia Julio César Turbay Ayala, que governou o país de 1978 a 1982 pelo Partido Liberal, de direita.
O Centro Democrático ao qual era filiado foi fundado e liderado por Alvaro Uribe Vélez, igualmente ex-presidente da Colômbia, que liderou o país de 2002 a 2010 - e sem parentesco apesar do mesmo sobrenome.
Miguel Uribe Turbay foi atacado em 7 de junho na cidade de Fontibón, a oeste de Bogotá, durante um evento político como parte de sua campanha para as eleições de maio de 2026.
O agressor era um menor de idade que foi capturado por seus guarda-costas depois de levar um tiro em uma das pernas.
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Miguel Uribe era advogado com mestrado em políticas públicas pela Universidade de Los Andes e mestrado em administração pública pela Universidade de Harvard.
A oposição de Uribe ao governo Petro refletiu-se em ações como a ação judicial contra a reforma previdenciária aprovada em 2024, com o argumento de que o princípio da “consecutividade” teria sido violado no processo legislativo.
O processo chegou ao Tribunal Constitucional, e ainda não há uma decisão final sobre o futuro da reforma.
Além disso, em agosto de 2023, Uribe Turbay apresentou uma queixa criminal perante a Comissão de Acusações da Câmara dos Deputados contra o presidente Gustavo Petro, e alegou possíveis contribuições ilegais de traficantes de drogas para a campanha presidencial de Petro.
Carreira política
Miguel Uribe Turbay iniciou sua carreira política como conselheiro em Bogotá (2012-2015). Foi eleito aos 25 anos de idade pelo Partido Liberal, tornando-se o vereador mais jovem, e em 2014 foi presidente do Conselho Distrital.
Posteriormente, atuou como Secretário de Governo de Bogotá (2016-2018). Ele foi nomeado por Enrique Peñalosa e foi um dos secretários mais jovens.
Sua administração foi notável, segundo avaliação de analistas políticos, por causa de uma redução nos homicídios, embora ele também tenha enfrentado controvérsias associadas ao aumento de roubos.
Em 2019, foi candidato a prefeito de Bogotá. Ele concorreu como independente, com o apoio dos partidos Liberal, Conservador, Centro Democrático e outros. Obteve cerca de 426.000 votos e ficou em quarto lugar.
Em 2022, ele concorreu como membro da lista do Centro Democrático para o Senado da República. Ele foi o senador mais votado, com cerca de 226.000 votos.
Família com tradição na política
A mãe de Miguel Uribe Turbay era Diana Turbay, uma advogada do Colegio Mayor Nuestra Señora del Rosario.
Diana foi secretária particular da Presidência da República quando seu pai - e avô de Miguel -, Julio César Turbay Ayala, era o presidente do país.
A mãe de Miguel Uribe Turbay era diretora do telejornal Criptón e editora da revista Hoy quando Pablo Escobar, no comando do grupo conhecido como Los Extraditables, ordenou seu sequestro para forçar o governo do então presidente César Gaviria (1990-1994) a ceder às condições de prisão.
Ela teve dois casamentos. O primeiro foi com Luis Francisco Hoyos, com quem teve uma filha: María Carolina Hoyos Turbay. O segundo foi com o ex-presidente da Federação Nacional dos Produtores de Cacau, Miguel Uribe Londoño, pai do candidato assassinado.
Miguel Uribe Londoño foi vereador em Bogotá pelo Partido Conservador de 1988 a 1990 e senador pelo mesmo partido de 1990 a 1991.
Uribe Londoño também foi diretor do Centro Democrático, em Bogotá, durante a campanha de Francisco Santos para prefeito de Bogotá em 2015.
Julio César Turbay Ayala, avô de Miguel Uribe Turbay, foi um político colombiano da linha liberal. Antes de sua presidência, foi senador, embaixador nos Estados Unidos e ministro do governo. Em 1978, assumiu o país e governou até 1982.
Como presidente, Turbay Ayala enfrentou sérios desafios de segurança, lidando com a crescente crise do tráfico de drogas e a violência do grupo armado M-19 e de outros insurgentes.
O governo de Turbay Ayala também promoveu uma abertura econômica moderada, manteve uma política externa ativa e procurou fortalecer as relações com os EUA.
