Como o Santander assumiu papel central na ação dos EUA em apoio a Milei na Argentina

Secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, recorreu ao banco espanhol para comprar pesos no mercado para fortalecer a economia argentina e fortalecer o governo aliado de Trump

Santander
Por Rodrigo Orihuela
10 de Outubro, 2025 | 04:02 PM

Bloomberg — Quando o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, decidiu na quinta-feira (9) que o país compraria pesos argentinos no mercado para fortalecer a economia sul-americana, ele não recorreu a um banco dos Estados Unidos. Em vez disso, escolheu o banco espanhol Santander.

A escolha do Santander para se tornar o intermediário do Tesouro para operar com o peso se resumiu a dois fatores cruciais: primeiro, o banco espanhol faz parte de um pequeno grupo dos chamados dealers primários de Treasuries dos EUA, o que significa que tem um relacionamento de longa data com o Federal Reserve; segundo, o banco possui grandes equipes de mercado em Nova York e Buenos Aires.

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Um porta-voz do Santander não quis comentar a operação, e o Tesouro não divulgou imediatamente quanto comprou em pesos.

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Além de sustentar o peso, Bessent anunciou uma ajuda emergencial de US$ 20 bilhões para a economia argentina — uma medida com poucos precedentes nas últimas décadas.

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O anúncio ocorreu após vários dias de discussões entre as equipes econômicas dos EUA e da Argentina, e mais de um ano de elogios constantes do presidente Javier Milei a Donald Trump.

O resgate visa tirar os mercados financeiros da Argentina da turbulência cada vez mais profunda e ajudar o partido de Milei a vencer as eleições legislativas de meio de mandato de 26 de outubro, que os investidores acompanham de perto em busca de sinais de força política.

O Tesouro de Milei praticamente esgotou o estoque de dólares para sustentar o peso na última semana. Os ativos argentinos dispararam nesta sexta-feira (10), após o anúncio de Bessent.

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O Santander se tornou dealer primário do Fed após a aquisição da corretora Amherst Pierpoint Securities em 2021.

Embora a Argentina represente menos de 1% do balanço do Santander, o banco tem forte presença no país.

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