Brasília em off: o temor da equipe econômica em relação ao PIB

Apesar da perspectiva de início da queda de juros em agosto, técnicos do Ministério de Fazenda dizem que isso ainda será insuficiente para um crescimento sustentado da economia

Fernando Haddad, ministro da Fazenda: avanço de agenda de reformas como a tributária na Câmara (Foto: Andressa Anholete/Bloomberg)
Por Martha Beck
09 de Julho, 2023 | 12:55 PM

Bloomberg — Integrantes da equipe econômica têm demonstrado internamente preocupação com a retomada da atividade. Embora as projeções para o PIB tenham melhorado - o Ministério da Fazenda já fala em algo próximo de 3% para 2023 -, membros da equipe afirmam que parte da reação da economia é um carrego estatístico.

Assim, o sinal dado pelo Banco Central de que os juros já podem cair a partir de agosto é pouco para a tarefa de dar ao país um crescimento sustentável. Os técnicos afirmam que um dos resultados da política monetária restritiva do BC é que o governo tem que recorrer a estímulos fiscais, como o programa de incentivo a compra de veículos, para atenuar a restrição ao crédito decorrente de juros altos.

Juros abaixo de 10%

Outra preocupação é o horizonte de tempo para que os juros caiam para um patamar abaixo de dois dígitos, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Integrantes da equipe econômica afirmam que a janela de tempo já está curta, sendo que um cavalo-de-pau na política monetária - com uma queda brusca - também tem efeitos negativos. Os técnicos acreditam que o Banco Central cometeu erros na condução dos juros e na comunicação que não podem mais se repetir, especialmente depois do desgaste na relação entre o presidente e o BC. Procurado, o BC não comentou.

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Clima ainda tenso

O clima entre o Palácio do Planalto e o presidente do BC não melhorou nada. Nem mesmo depois da sinalização da ata do Copom de que a queda dos juros pode começar já no mês que vem. Para alguns membros do governo, já não há mais diálogo possível com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

De sua parte, o chefe da autoridade monetária tem dito publicamente que entende a pressão política e alegado que o BC também não quer juros elevados. Segundo Campos Neto, os indicadores econômicos do país melhoraram e isso é também resultado do trabalho da instituição.

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