BTG Pactual vê cenário benigno com esperado corte de juro nos EUA, diz CFO

Renato Cohn diz a jornalistas que o banco de investimento mantém a projeção de entregar uma rentabilidade acima da registrada em 2023, que foi de 22,7%

BTG Pactual deve fechar o ano de 2024 com rentabilidade superior a de 2023, segundo suas projeções
14 de Agosto, 2024 | 06:22 PM

Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) reafirmou nesta quarta-feira (14) sua projeção de fechar o ano de 2024 com uma rentabilidade maior do que a registrada em 2023, mesmo diante de uma piora do cenário macroeconômico nas últimas semanas.

O maior banco de investimento da América Latina disse esperar que um possível corte de juro nos EUA neste semestre seja o gatilho para uma recuperação dos ativos de mercados emergentes, como o Brasil.

No ano passado, o ROEA (retorno sobre patrimônio líquido médio) da instituição financeira foi de 22,7%. O BTG projeta reportar uma rentabilidade maior para 2024, sem precisar um número.

O indicador do segundo trimestre ficou ligeiramente abaixo desse patamar, em 22,5%, ainda que, no consolidado do primeiro semestre, o ROAE tenha ficado acima, em 22,8%.

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“Crescemos mais o patrimônio líquido do que o lucro. Houve esse efeito matemático no retorno sobre o capital no segundo trimestre, mas continuamos comprometidos em entregar um ROE acima dos 22,7% de 2023″, disse Renato Cohn, CFO do BTG Pactual, em teleconferência com jornalistas nesta tarde de quarta-feira (14).

Ele apontou que a tendência é a de uma melhora da performance em suas diferentes áreas de negócios no segundo semestre, principalmente no mercado de renda fixa e de dívida.

“Vamos entregar esse ROAE maior do que o de 2023 mesmo em um cenário mais desafiador do mercado. Temos essa capacidade de entregar esse guidance”, reforçou o executivo.

O CFO explicou que, mesmo com a turbulência vista nos mercados desde o final do primeiro trimestre, a demanda por investimentos em renda fixa continua forte, o que significa reforçar a atividade do mercado de capitais na frente de emissão de dívida, mas não no segmento de ações.

“No começo do ano, o mercado estava animado para a volta dos IPOs [ofertas iniciais de ações], mas essa animação não se sustentou ao longo do primeiro semestre”, observou.

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Corte de juros nos EUA traz cenário benigno

O CFO ressaltou que as atenções dos investidores se voltam agora para o rumo da política monetária nos EUA, com apostas em um corte da taxa de juros na reunião do Fed (Federal Reserve) de setembro.

“A queda do juro nos EUA abre espaço para um maior interesse dos investidores em mercados emergentes no quarto trimestre e no início de 2025. Um corte de juros pelo Fed pode trazer um cenário benigno para os emergentes″, avaliou Cohn.

Ele disse que os níveis de aversão ao risco por parte dos investidores ainda estão elevados, o que não favorece o mercado acionário, mas ressalvou que a esperada redução da taxa de juros nos EUA pode desencadear uma maior procura por ativos de risco.

“Não vejo motivo para que mude drasticamente o cenário. Não vemos nada no horizonte. Esses movimentos de migração da renda fixa para a variável não são imediatos, mas um processo de redução gradual de exposição à renda fixa e maior alocação em ativos um pouco mais arriscados”, disse Cohn.

O CFO do BTG também falou sobre as duas recentes aquisições anunciadas pelo BTG: a compra do M.Y. Safra nos EUA, em junho, e a da Sertrading, empresa especializada em importação com sede em São Paulo, no mês passado. Ambos os negócios dependem ainda de aprovações regulatórias.

“Já temos uma presença relevante nos EUA, com mais de 250 funcionários, em nossa corretora e na asset management. A compra do M.Y.Safra vai complementar a oferta de produtos e serviços para nossos clientes. Já com a Sertrading trazemos soluções para clientes que buscam soluções de importação. Isso aumenta nossa base de clientes e também oferecemos outros serviços financeiros”, explicou.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.