Fundo soberano de US$ 1,5 trilhão alerta para anos de baixos retornos à frente

CEO do fundo da Noruega, Nicolai Tangen, diz em entrevista à Bloomberg TV em Davos que acredita que pressão inflacionária vai durar mais tempo e afetar a política dos bancos centrais

Nicolai Tangen, CEO do fundo soberano da Noruega, em entrevista à Bloomberg TV durante o Fórum Econômico Mundial em Davos (Foto: Hollie Adams/Bloomberg)
Por Kari Lundgren - Francine Lacqua
15 de Janeiro, 2024 | 01:34 PM

Bloomberg — O fundo soberano da Noruega, que administra US$ 1,5 trilhão em ativos, está se preparando para um desempenho pouco inspirador nos mercados nos próximos anos, dado o entendimento de que as pressões inflacionárias provavelmente persistirão.

“Eu acho que há mais pressão inflacionária subjacente”, disse o CEO do fundo soberano da Noruega, Nicolai Tangen, em entrevista à Bloomberg TV nesta segunda-feira (15) no Fórum Econômico Mundial em Davos. “Isso vai durar mais tempo, e eu acredito que os bancos centrais internacionais serão muito cuidadosos ao reduzir as taxas muito rapidamente, porque eles foram muito lentos em elevá-las.”

Criado na década de 1990 para investir as receitas advindas da exploração e da produção de petróleo e gás da Noruega no exterior, o fundo, também conhecido como Norges Bank Investment Management, é o maior proprietário único de ações do mundo.

Mais cedo nesta segunda-feira, o vice-presidente do BlackRock, Philipp Hildebrand, afirmou que o crescimento mais lento dos preços ao consumidor está passando aos mercados financeiros uma falsa sensação de segurança e que a inflação pode se mostrar mais persistente do que o esperado.

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A inflação também deve impedir o Banco Central Europeu (BCE) de reduzir as taxas de juros neste ano, segundo o membro do Conselho Governante da autoridade monetária Robert Holzmann.

Desde que assumiu o cargo em 2020, Tangen instigou seus traders a pensar de forma mais contrária ao consenso de mercado ae aproveitar a natureza de longo prazo do fundo. Ele também defendeu que o fundo seja um acionista mais ativo, com uma postura mais forte em questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG).

A Noruega estabeleceu o fundo no final da década de 1990 para investir a riqueza criada pela descoberta de petróleo em 1969.

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O Norges Bank Investment Management hoje detém participações em mais de 9.000 empresas, ou cerca de 1,5% de todas as ações das empresas listadas no mundo, além de ativos em renda fixa, imóveis e infraestrutura renovável.

O fundo perdeu US$ 34 bilhões no terceiro trimestre, após preocupações com o crescimento global afetarem os mercados financeiros. Isso ocorreu após uma valorização nas ações de tecnologia que gerou um retorno de US$ 143 bilhões no primeiro semestre de 2023.

O investidor institucional, que em grande parte acompanha um índice de referência baseado em um framework estabelecido pelo parlamento da Noruega, deve divulgar os principais resultados para o ano completo em 30 de janeiro.

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