Ri Happy contrata assessoria Starboard para renegociar dívida com bancos

Grupo dono das marcas Ri Happy e PBKids informou início de processo de reestruturação de dívida estimada em R$ 500 milhões com ajuda externa

Varejo físico de brinquedos enfrenta dificuldades no Brasil com a Ri Happy (Foto: Bess Adler/Bloomberg)
22 de Junho, 2023 | 08:12 PM

Bloomberg — O Grupo Ri Happy, um dos maiores varejistas de brinquedos do Brasil e dono de marcas como PBKids e Ri Happy Baby, contratou a Starboard Partners para prestar serviços de assessoria financeira em um processo de reestruturação de dívida, informou a gestora especializada em investimentos em situações especiais em e-mail enviado à Bloomberg Línea nesta quinta-feira (22).

“Confirmamos a contratação da Starboard. No entanto não emitimos comentários a respeito de nossas assessorias em andamento”, informou o escritório da Starboard em São Paulo. Mais cedo, a informação da contratação da Starboard havia sido noticiada pelo Valor Econômico, sem citar a fonte, com detalhes como a estimativa da dívida (R$ 500 milhões) e o número de bancos credores (10).

Na noite desta quinta-feira, a varejista de brinquedos, que tem capital fechado, confirmou estar em processo para adequar prazos com parceiros bancários, mas não quis identificá-los.

“O Grupo Ri Happy vem de um robusto resultado em 2022 e, neste ano, está focado em dar sequência aos planos de negócios e à eficiência operacional, reafirmando sua posição de liderança no mercado. Nesse processo, tem se preparado para o atual momento e adequado prazos com parceiros bancários. Confiantes nas iniciativas adotadas, caminhamos para um segundo semestre ainda mais fortes”, afirmou a companhia em nota.

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Uma fonte ligada à indústria de brinquedos, que pediu anonimato, pois as informações são privadas, disse que o Grupo Ri Happy não correria mais risco de pedir recuperação judicial (RJ), como o mercado chegou a especular no começo deste ano.

Segundo a fonte, a companhia teria acertado a renegociação com os credores após a redução de oferta de crédito privado desencadeada pela crise da Americanas (AMER3) em janeiro.

Em abril, uma fonte do setor de shopping center disse à Bloomberg Línea que a Ri Happy estava negociando a manutenção de descontos no aluguel de lojas em centros comerciais na capital paulista. A empresa não revela o número atualizado de unidades espalhadas pelo Brasil. Antes, falava em “mais de 300″ lojas.

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A varejista de brinquedos trabalha com diversas marcas, fabricantes e distribuidores, como Mattel, Hasbro, Lego, Fisher-Price, Estrela, Grow, Brinquedos Bandeirante, Sunny, Multikids e Candide.

Em 2012, o Carlyle Group, empresa global de private equity, adquiriu a Ri Happy e a PBKids. Em 2013, o grupo iniciou as atividades da marca Ri Happy Baby, unidade da rede Ri Happy desenvolvida para atender gestantes com produtos para bebês.

A marca Ri Happy completou 34 anos de fundação em 2023. Além da Ri Happy, o Carlyle também controla a Tok&Stok, varejista de móveis e artigos de decoração que também está em processo de reestruturação de dívidas.

Contexto adverso

O varejo de brinquedos do Brasil enfrenta dificuldades que impactam seu desempenho e crescimento no país. Entre elas, a tributação considerada elevada, o que encarece os produtos e limita a possibilidade de expansão do setor. Além disso, como muitos brinquedos são importados, a variação cambial e o custo dos fretes resultaram em aumentos dos preços dos produtos no mercado nacional.

Outro obstáculo é a concorrência com produtos do mercado informal. Líderes do setor reclamam há muito anos que o mercado de brinquedos no Brasil está repleto de produtos falsificados e ilegais, que prejudicariam as vendas de brinquedos originais. Esses produtos geralmente são mais baratos e podem ser atraentes para os consumidores com menor poder aquisitivo.

Além disso, com o avanço do comércio eletrônico, muitas lojas físicas de brinquedos enfrentam o desafio de atrair clientes e competir com os preços de varejistas online. A competição com a tecnologia e o entretenimento digital é apontada por especialistas como outro entrave ao crescimento. A popularidade de smartphones, tablets e jogos eletrônicos tem atraído interesse crescente das crianças, levando a uma diminuição na demanda por brinquedos tradicionais.

Recessões e períodos de incerteza econômica também afetam a disposição das famílias em gastar dinheiro com brinquedos, uma vez que priorizam produtos e serviços essenciais.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.