Por que este país árabe vizinho não está torcendo pelo Marrocos na Copa

O Marrocos enfrenta a França na Copa do Mundo nesta quarta, a primeira vez que um time árabe ou africano está entre os finalistas

Badr Benoun comemora após a vitória do time durante a partida das quartas de final da Copa do Mundo de 2022 contra Portugal em Doha, Qatar
Por Souhail Karam
14 de Dezembro, 2022 | 12:12 PM

Bloomberg — Enquanto os árabes de todo o mundo apoiam a seleção marroquina de futebol que derrotou alguns dos melhores jogadores da Europa e conquistou uma vaga histórica nas semifinais da Copa do Mundo de 2022, um país vizinho não está torcendo junto.

Na Argélia, que tem uma rivalidade de longa data com o Marrocos, o sucesso da seleção, conhecida como Atlas Lions, no torneio organizado pelo Catar foi minimizado pela mídia oficial ou, na maioria dos casos, totalmente ignorado.

Enquanto a vitória do time sobre Portugal no sábado (10) foi comemorada nas manchetes de Bagdá ao Cairo, os canais de TV estatais da Argélia transmitiram reportagens em horário nobre sobre pequenos protestos antigovernamentais no Marrocos. E, embora o Egito e a Arábia Saudita, entre outros, tenham parabenizado o Marrocos, nenhuma notícia desse tipo foi relatada em Argel.

Pouco deve mudar nesta quarta-feira (14), quando o Marrocos enfrentar a França, colonizador tanto do país quanto da Argélia – a primeira vez que um time árabe ou africano está entre os quatro finalistas da Copa do Mundo.

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As relações já gélidas entre os vizinhos azedaram no ano passado, quando aumentou o impasse sobre o território disputado do Saara Ocidental e a Argélia, rica em gás, cortou relações diplomáticas com Marrocos, bem como as exportações de energia.

Fora do silêncio oficial do governo, há sinais de que os “Lions” podem contar com o apoio de alguns argelinos. Torcedores como Said, um trabalhador de um galpão logístico, estão entre os que lotam os cafés noturnos de Argel para assistir aos jogos. “Eles fizeram um milagre”, disse ele, pedindo que seu nome completo não fosse divulgado para que ele pudesse falar livremente.

Outros apoiadores foram mais longe. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram dezenas deles reunidos em Bin Lajraf, perto de um posto de fronteira entre a Argélia e seu rival que está fechado há quase três décadas, para trocar cumprimentos com os marroquinos do outro lado após uma vitória.

A mídia da Argélia tem contornado o Marrocos durante todo o torneio. No início deste mês, uma emissora de TV conseguiu a complicada façanha de se referir a uma vitória marroquina sem citar o rival da Argélia. A Espanha havia sido eliminada, anunciou um âncora de notícias, mas não explicou como.

Lojas de propriedade privada não seguem esses protocolos. Um item de destaque na primeira página do jornal L’Expression, em francês, saudou a última vitória do Marrocos e declarou: “Que equipe, que resistência, que façanha!”

O jornal árabe Akhbar Al-Watan também publicou uma edição com uma foto da vitória. Até o melhor jogador da Argélia, o ala do Manchester City Riyad Mahrez, expressou admiração pelo time marroquino. “Vou apoiá-los contra a França”, disse Said.

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