Após eleição, Noruega sinaliza volta de cooperação com o Brasil pela Amazônia

País escandinavo e Alemanha interromperam sua participação em iniciativa global há dois anos em protesto contra as políticas de Jair Bolsonaro

Desmatamento da Amazônia, com tendência crescente nos últimos anos, atingiu nível recorde no primeiro semestre de 2022
Por Tatiana Freitas
31 de Outubro, 2022 | 01:53 PM

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Bloomberg — A Noruega está pronta para retomar as discussões sobre ajuda financeira para proteger a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil.

A nação escandinava espera discutir com o próximo governo brasileiro os passos necessários para reabrir o Fundo Amazônia, uma iniciativa internacional de conservação criada com a Alemanha em 2008, disse o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, nesta segunda-feira (31).

“Percebemos claros sinais positivos da campanha de Lula em relação às iniciativas políticas destinadas a reduzir rapidamente o desmatamento na Amazônia. Isso é globalmente significativo”, disse o ministro em resposta por e-mail a perguntas. “É bem-vinda a volta do Brasil como parceiro global nos esforços para reduzir o desmatamento.”

Noruega e Alemanha interromperam sua participação na iniciativa há dois anos em protesto às políticas de Jair Bolsonaro, que aumentaram o desmatamento em uma floresta crucial para reduzir as emissões de carbono. O Fundo, administrado pelo BNDES, foi criado para arrecadar doações a fundo perdido para investimentos na prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento.

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Lula, que era presidente quando o fundo foi lançado originalmente, prometeu trabalhar pelo “desmatamento zero” da Amazônia em seu primeiro discurso depois de vencer por pouco o atual presidente Bolsonaro no segundo turno da eleição no domingo. O líder eleito disse estar aberto à cooperação internacional para preservar a floresta, com investimentos e pesquisas científicas, desde que sob liderança brasileira.

“Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça”, disse Lula na noite de domingo. “Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.”

Lula também disse que seus governos anteriores conseguiram reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia. Seu novo governo vai retomar o monitoramento para combater o desmatamento e atividades ilegais na região, como mineração, extração de madeira ou produção agrícola inadequada, disse ele.

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O desmatamento da Amazônia, com tendência crescente nos últimos anos, atingiu nível recorde no primeiro semestre de 2022. Bolsonaro reduziu equipes do governo encarregadas de fazerem valer as regras ambientais e eliminou proteções legais a vários tipos de territórios indígenas, incluindo aqueles em estudo e aguardando reconhecimento legal.

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