Minério de ferro estende tombo com temor de boicote de moradores chineses

China enfrenta onda de inadimplência de hipotecas, o que pode adicionar ainda mais pressão no já estressado mercado imobiliário do país

Os pagamentos de prestações estão secando para quase 100 projetos em 50 cidades, alimentando o pânico de um contágio total no mercado imobiliário
Por Liz Ng
15 de Julho, 2022 | 10:22 AM

Bloomberg — O minério de ferro estendeu seu mergulho à medida que os boicotes de mutuários na China piora a crise do setor imobiliário e as pressões de longo prazo sobre a indústria siderúrgica no país.

Os contratos futuros de minério de ferro em Singapura caíram mais de 4% na sexta-feira, após tombo de 8% na quinta, e atingiram $96 a tonelada, o menor nível desde novembro.

O ingrediente siderúrgico já perdeu mais da metade de seu valor desde que atingiu um pico de US$ 227 a tonelada em maio do ano passado, com o maior país produtor de aço do mundo enfrentando bloqueios de Covid e uma queda nas vendas de casas que já dura quase um ano.

Os planos de estímulo da China para sustentar a indústria da construção cambaleante do país estavam ajudando a manter os preços do minério de ferro acima de US$ 100, até que vieram à tona os relatos de compradores de casas se rebelando contra pagamentos de prestações de financiamento de projetos inacabados.

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Minério de ferro afunda: preços caíram para menos da metade em apenas um anodfd

Os pagamentos de prestações estão secando para quase 100 projetos em 50 cidades, alimentando o pânico de um contágio total no mercado imobiliário.

“Qualquer perda adicional de suporte de crédito colocaria as incorporadoras chinesas, que já estão com pouco dinheiro e enfrentando altos encargos de dívida, sob maior pressão”, disse Maryam Wang, analista da Kallanish Commodities. “A demanda por aço provavelmente cairia com menos atividade de construção, com as usinas chinesas tendo que reduzir as compras de minério de ferro.”

Para piorar a situação, no segundo trimestre, a economia da China cresceu no ritmo mais lento desde que o país foi atingido pelo coronavírus há dois anos, ressaltando o impacto que a pandemia e a abordagem rigorosa de Pequim para controlá-la tiveram no crescimento. A produção de aço bruto encolheu 6,5% no primeiro semestre em relação ao ano anterior, reduzindo a demanda por minério.

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Os contratos de aço em Xangai caíram ainda mais para seus níveis mais baixos desde o segundo semestre de 2020.

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