Hungria está pronta para barrar decisão da UE sobre banir petróleo russo

A Comissão Europeia deve propor a proibição do petróleo russo até o final do ano por causa de sua guerra na Ucrânia

A Hungria, que depende fortemente da energia russa, tem sido uma das que mais se opõe à expansão das sanções
Por Zoltan Simon
02 de Maio, 2022 | 10:56 AM

Bloomberg — A Hungria estaria pronta para vetar sanções da União Europeia à indústria petrolífera da Rússia se as medidas restringissem a capacidade de Budapeste de importar energia, de acordo com um alto funcionário do governo do primeiro-ministro Viktor Orban.

A Comissão Europeia deve propor a proibição do petróleo russo até o final do ano por causa de sua guerra na Ucrânia, com restrições às importações introduzidas gradualmente, informou a Bloomberg no sábado, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

A Hungria, que depende fortemente da energia russa, tem sido uma das que mais se opõe à expansão das sanções. O governo de Orban alertou sobre graves danos à economia da Hungria sem acesso ao petróleo e gás natural russos.

“Como tais decisões exigem unanimidade, não faz sentido que a comissão proponha sanções que afetem o gás natural e o petróleo bruto que restrinjam as aquisições húngaras”, disse o ministro do Gabinete, Gergely Gulyas, à HirTV no domingo.

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Países como a Hungria, que dependem profundamente da energia russa, podem obter alguma flexibilidade adicional como parte de um compromisso para abandonar sua oposição a novas sanções, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

A posição da Hungria sobre a imposição de sanções ao petróleo e gás russos “não mudou, não a apoiamos”, disse o porta-voz do governo Zoltan Kovacs em um post no Facebook na segunda-feira. Ele estava refutando uma reportagem da rede de televisão alemã ZDF, que informou no domingo que a Hungria e a Áustria haviam suspendido suas ameaças de veto.

O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, disse na segunda-feira que ainda não há unidade entre os estados membros da UE sobre um embargo de petróleo.

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“Não sei se um embargo de petróleo é iminente”, disse ele a repórteres. “Ouço coisas diferentes e converso com meus colegas sobre opções diferentes. Outros países não estão tão adiantados e acho que você tem que respeitar isso.”

A Alemanha seria capaz de lidar com esse embargo, acrescentou, mas ainda pode resultar em interrupções, alertou. “Criamos uma situação em que a Alemanha pode resistir a um embargo de petróleo. Isso significa que o país não ficará sem rastros”.

Orban, que foi reeleito no mês passado, anteriormente chamou as sanções à energia russa de sua “linha vermelha”.

Seu governo concordou com a Rússia para permitir a conversão de seus pagamentos de gás em rublos, testando a política de sanções da UE. Na semana passada, a Rússia cortou o fornecimento de gás para a Polônia e a Bulgária, cumprindo a ameaça de interromper os fluxos se os pagamentos não forem feitos em rublos.

Os ministros de energia da UE se reunirão em Bruxelas na segunda-feira para discutir as demandas da Rússia para que o gás natural seja comprado em rublos e provavelmente discutirão o pacote de sanções ao petróleo.

--Com a colaboração de Alberto Nardelli e Arne Delfs

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