Completa o tanque com... milho

Também no Breakfast: Mercados em rumos contrários nos EUA e na Europa, com balanços e macro dividindo atenção

Tempo de leitura: 7 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

A cada 20 litros de etanol que entram diretamente nos tanques dos veículos do Brasil, três são feitos a partir de milho. A utilização do cereal como matéria-prima da indústria de combustível tem crescido a cada ano e, na safra 2022/23, chegará ao seu nível mais elevado. A explicação para esse movimento é muito simples: o preço da gasolina.

🌽 Mesmo com as cotações do milho perto de máximas históricas, tanto no mercado interno quanto no exterior, a alta dos preços da gasolina tornam viável a produção do etanol a partir do cereal. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que a produção de etanol a partir do cereal será de 3,84 bilhões de litros no ciclo 2022/23, 10,7% a mais do que foi produzido no mesmo período do ano anterior.

Com isso, o etanol de milho vai representar 13,4% da produção total do combustível renovável do Brasil na próxima safra. No ciclo anterior, a parcela de etanol de milho da produção total do país foi de 15,5%. “Para a safra 2022/23, a expectativa é de aumento na produção (de etanol de milho), na contramão do que está previsto para o setor sucroenergético. Mato Grosso se consolida como maior produtor de etanol à base de milho do Brasil”, diz a Conab em seu relatório.

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Ao mesmo tempo, a quantidade de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol sofrerá uma queda de quase 8%. Entenda o porquê.

Produção de etanol a partir do cereal vai crescer 10,7%, enquanto oferta do combustível a partir da cana cairá quase 8%dfd

Na trilha dos Mercados

Depois da surpresa com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, hoje é a vez de a Europa mostrar a temperatura de suas economias. Dados sobre a inflação ao consumidor no continente também estão na agenda, além de balanços corporativos em todos os mercados.

De olho no PIB

🇺🇸 Os EUA anunciaram ontem que sua economia se retraiu 1,4% no primeiro trimestre de 2021. Trata-se da primeira queda desde 2020. Os analistas previam que as riquezas produzidas pelo país continuassem em alta, de 1%, embora bem inferiores aos +6,9% do quarto trimestre.

Apesar do desconforto com os números, os analistas pontuam que o consumo privado manteve o avanço no trimestre: +2,7% na base anual, versus +2,5% do trimestre anterior. O resultado do PIB norte-americano, portanto, se deveu fundamentalmente à queda da rubrica exportações, estoques e gastos públicos.

🇪🇺 As maiores economias da Europa começaram 2022 com um desempenho fraco - evidenciando os danos causados pelo aumento dos custos de energia e os problemas com o fornecimento de commodities após a invasão russa à Ucrânia. O mercado está atento a como vêm se movendo as economias da Europa: uma deterioração muito rápida da produção e do consumo complicaria os esforços do Banco Central Europeu (BCE) para combater a inflação. Dentre as armas de política monetária estão a retirada de estímulos monetários e o aumento dos juros.

A Alemanha evitou por pouco uma recessão: a economia se expandiu apenas 0,2% no primeiro trimestre. Na França, o PIB se estagnou, depois de uma expansão de 0,8% nos três meses finais de 2021. A economia da Itália encolheu 0,2%, afetada pelos custos de energia. A da Espanha se desacelerou mais do que o previsto (de +2,2% no quarto trimestre de 2021 para 0,3% de janeiro a março deste ano).

  • Porém, apesar de todo o cenário de incerteza, o PIB europeu do primeiro trimestre cresceu +5,0% na base anual, em linha com o esperado pelos analistas e ligeiramente acima dos +4,7% reportados anteriormente.

🤷🏻‍♀️ Inflação na Europa. Perto do teto?

A inflação está quente, embora o mercado já comece a desconfiar que na Europa a alta dos preços está perto de tocar o teto. O IPC da Zona do Euro em abril ficou praticamente estável em +7,5%, contra +7,4%no mês anterior. Mas a taxa de inflação da França subiu inesperadamente para 5,4% em abril - o nível mais alto desde que o euro foi introduzido e mais do que os economistas esperavam.

🔦 Foco nos balanços

A saúde financeira das empresas dirigirá, também, os negócios. Os investidores repercutirão, esta manhã, os balanços da Apple e da Amazon, divulgados depois do fechamento das bolsas. A fabricante superou as estimativas no primeiro trimestre com a forte demanda por iPhones e serviços. Mas a Amazon reportou prejuízo - o primeiro desde 2015.

Um panorama à primeira hora do diadfd

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+1,85%), S&P 500 (+2,47%), Nasdaq Composite (+3,06%), Stoxx 600 (+0,62%), Ibovespa (+0,52%)

Os mercados acionários norte-americanos foram impulsionados por fortes relatórios trimestrais de ganhos, mesmo após um surpreendente declínio do PIB no primeiro trimestre do ano. As ações conseguiram resistir à perda de ritmo da economia americana, que se contraiu inesperadamente no último trimestre pela primeira vez desde 2020. O produto interno bruto caiu a uma taxa anualizada de 1,4%, depois de ter crescido 6,9% no final de 2021.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriado no Japão

• EUA: Índice de Preços PCE/Mar; Renda e Gastos Pessoais/Mar; Consumo Pessoal Real/Mar; PMI de Chicago/Abr; Expectativas de Inflação Univ. Michigan/Abr; Confiança do Consumidor Michigan/Abr; Despesas de Consumo Pessoal (PCE) - Fed Dallas/Mar

• Europa: Zona do Euro (IPC/Abr; PIB/1T22; Massa Monetária - Agregado M3/Mar; Empréstimos ao Setor Privado); Alemanha (PIB/1T22; Preços de Bens Importados/Mar); França (IPC; IPP; Gasto dos Consumidores/Mar; PIB/1T22); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Nationwide/Abr; Crédito ao Consumidor BoE /Mar; Aprovações de Hipotecas/Mar); Espanha (PIB/1T22; Vendas no Varejo/Mar); Itália (PIB/1T22; IPP/;Mar), Portugal (IPC/Abr)

• Ásia: China (PMI Composto/Abr)

• América Latina: Brasil (IBC-Br; Empréstimos Bancários/Fev; Taxa de Desemprego; Balanço Orçamentário/Fev; Transações Correntes/Fev; Investimento Estrangeiro Direto; Dívida Líquida/PIB Fev); México (PIB)

• Balanços: Bank of China, Exxon Mobil, Orsted, Chevron, AbbVie, Bristol-Myers Squibb, AstraZeneca, Honeywell, DBS, Colgate-Palmolive, Eni, Neste Oyj, BBVA, NIO, CaixaBank, NatWest, Nutresa, Itaú CorpBanca, Celulose Irani

📌 E para segunda-feira, 2 de maio:

• Feriados: China, Hong Kong, Reino Unido

• Indicadores PMIs: Estados Unidos, Canadá, Zona do Euro, Alemanha, França, Espanha, Itália, Brasil, México

• EUA: Preços no Setor Manufatureiro ISM/Abr; Índice ISM de Emprego no Setor Manufatureiro/Abr; Gastos de Construção/Mar; Pesquisa Fed com Principais Bancos de Empréstimos

• Europa: Zona do Euro (Confiança de Empresas e Consumidores/Abr; Clima de Negócios/Abr; Expectativas de Inflação ao Consumidor/Abr); Alemanha (Vendas no Varejo/Mar)

• Ásia: Japão (Índice da Confiança Entre as Famílias/Abr)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus; Balança Comercial/Abr); Argentina (Receita Tributária)

Destaques da Bloomberg Línea

Guerra na Ucrânia traz ganhos para tradings de commodities

Vale lança programa de recompra massivo em meio a ganhos inesperados com ferro

Fuga da China: UBS é o terceiro banco global a perder chefe somente este mês

WhatsApp apresenta instabilidades nesta quinta-feira

Também é importante

Fundos de investimento mono ação podem ser bons para os gestores, mas são amargos para o investidor, segundo levantamento da Spitidfd

Corrosão de retornos: bancos cobram taxas de até 3% por fundo de uma única ação. Com investidores em busca de produtos para surfar a forte valorização das commodities, alguns podem surgir como interessantes para iniciantes no mercado financeiro, mas acabam sendo amargos, com altas taxas de administração corroendo o retorno ao longo do tempo. É o caso dos fundos do tipo “mono ação” de blue chips como Vale e Petrobras, segundo um levantamento da casa de análise de investimentos Spiti.

Google diz que PL das fake news ainda não está maduro para ser votado. O presidente do Gloogle no Brasil, Fábio Coelho, disse que o Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, ainda não está maduro para ser votado no Congresso Nacional. Para ele, não pode haver uma votação que deixe em abertos certos pontos críticos sobre o assunto.

XP: Inflação é inimiga comum na América Latina e permanecerá elevada por mais tempo. A guerra na Ucrânia e o aumento dos preços das commodities têm contribuído para surpresas negativas nos dados de inflação da América Latina no primeiro trimestre de 2022. A piora dos indicadores tem levado a aumentos nas projeções para a inflação na região, com o mercado estimando um pico no segundo trimestre de 2022, seguido por uma lenta convergência para a meta.

SEC processa Vale por falsas alegações sobre Brumadinho. A comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, entrou com processo contra a Vale, uma das maiores mineradoras de minério de ferro do mundo, por supostamente fazer alegações falsas sobre segurança antes do colapso de sua barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, que matou 270 pessoas.

Opinião Bloomberg

CEOs se silenciaram sobre igualdade durante a covid

Até antes da pandemia, as empresas estavam mais dispostas a se abrir quanto a questões de diversidade em sua força de trabalho. Mas mesmo aquelas que abraçaram a transparência tiveram uma postura um tanto tímida em relação a esse tema quando a covid chegou. Isso sugere que seus dirigentes têm algo a esconder quando se trata de como gerenciaram a equipe durante a crise sanitária.

Pra não ficar de fora

Em Portugal, clima ensolarado e baixo custo de vida levaram a uma forte entrada de moradores que agora podem trabalhar de qualquer lugardfd

Para a onda de executivos que se tornaram nômades digitais desde a pandemia, não há lugar mais acolhedor do que Lisboa.

Isso de acordo com uma pesquisa da corretora imobiliária Savills Plc, que classificou 15 principais mercados residenciais pela sua atratividade para trabalhadores remotos de longo prazo. O clima ensolarado da capital portuguesa e o baixo custo de vida levaram a uma entrada de moradores que agora podem trabalhar de qualquer lugar.

🇵🇹 Os compradores estrangeiros pagaram um preço médio de 4.283 euros (4.576 dólares) por metro quadrado de propriedade em Lisboa nos três meses até dezembro, em comparação com 1.858 euros para os locais. O aumento da demanda elevou os preços dos imóveis na cidade em 11,4% no mesmo período, o que significa que alguns compradores domésticos estão sendo forçados a procurar uma casa em outro lugar.

⇒ Leia também: Lisboa, a Miami europeia dos brasileiros

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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