Goldman Sachs vê chances de recessão nos EUA em 35% nos próximos dois anos

Aperto do Federal Reserve na política monetária pode acabar desacelerando economia do país, mostra relatório do banco

Alcançar o chamado pouso suave pode ser difícil, porque historicamente grandes declínios na lacuna nos EUA ocorreram apenas durante recessões.
Por Eric Martin
17 de Abril, 2022 | 07:14 PM

Bloomberg — A história sugere que o Federal Reserve enfrentará uma tarefa difícil de apertar a política monetária o suficiente para esfriar a inflação sem causar uma recessão nos EUA, com chances de uma contração de cerca de 35% nos próximos dois anos, segundo o Goldman Sachs (GS).

O principal desafio do Fed é reduzir a lacuna entre empregos e trabalhadores e desacelerar o crescimento salarial a um ritmo consistente com sua meta de inflação de 2%, apertando as condições financeiras o suficiente para reduzir as vagas de emprego sem aumentar drasticamente o desemprego, escreveu o economista-chefe Jan Hatzius em um relatório deste domingo (17).

Alcançar o chamado pouso suave pode ser difícil, porque historicamente grandes declínios na lacuna nos EUA ocorreram apenas durante recessões.

“Pelo valor nominal, esses padrões históricos sugerem que o Fed enfrenta um caminho difícil para um pouso suave”, disse Hatzius.

PUBLICIDADE

Uma recessão não é inevitável porque as normalizações pós-covid-19 na oferta de mão de obra e nos preços de bens duráveis ajudarão o Fed, disse Hatzius. Há mais exemplos de outros países do G10 - um grupo que também inclui Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Suécia, Suíça e Reino Unido - que conseguiram o pouso suave, ele disse.

Onze dos 14 ciclos de aperto nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial foram seguidos por uma recessão em dois anos, mas apenas oito deles podem ser parcialmente atribuídos ao aperto do Fed – e pousos suaves têm sido mais comuns mais recentemente, disse Hatzio. Ele projetou as chances de uma recessão nos próximos 12 meses em cerca de 15%.

Economistas recentemente viram crescentes chances de uma recessão nos EUA, com 27,5% esperando uma contração em uma pesquisa da Bloomberg na primeira semana de abril, acima dos 20% do mês anterior. Eles esperam que o índice de preços ao consumidor tenha uma média de 5,7% nos últimos três meses do ano, acima da estimativa anterior de 4,5%.

PUBLICIDADE

Leia também

Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana

Cidadania italiana: veja o que muda no processo de reconhecimento