Governo britânico vai assumir área de varejo da Gazprom

Objetivo do Reino Unido é garantir fornecimento em meio a ambiente de sanções à Rússia, país de origem da empresa

Empresa forneceu mais de 20% da energia utilizada pelo Reino Unido em 2020
Por Alex Morales - Todd Gillespie - Lucca de Paoli
22 de Março, 2022 | 08:28 PM

Bloomberg — O governo do Reino Unido está se preparando para intervir e administrar temporariamente área de varejo britânica da Gazprom, que está sob crescente pressão de empresas que estão suspendendo negócios na Rússia por causa da guerra na Ucrânia.

A Gazprom Marketing & Trading Retail é a principal candidata a entrar no regime de administração especial do Reino Unido para garantir a continuidade do fornecimento, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. As autoridades monitoram de perto a situação na empresa, que tem mais de 30 mil clientes empresariais.

A Teneo deve supervisionar o funcionamento da empresa caso ela entre em administração especial, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. A nomeação de qualquer administrador precisa de aprovação regulatória e legal.

Os preparativos do governo do Reino Unido são o mais recente sinal de como a empresa controlada pela Rússia está sendo manejada como resultado da invasão. Outros gigantes da energia também estão dando as costas à unidade de atacado da Gazprom – apenas algumas das grandes empresas da Europa ainda fazem negócios com ela no mercado de balcão.

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“Estamos em contato constante com nosso órgão regulador, a Ofgem, e nenhuma decisão foi tomada para nomear um administrador especial ou fornecedor de último recurso”, disse a unidade de varejo em comunicado enviado por e-mail na segunda-feira (21), acrescentando que era “totalmente normal” para a Ofgem “considerar todos os cenários possíveis e formular planos para responder a quaisquer eventos que se desdobrarem”.

A subsidiária, cujo nome fantasia é Gazprom Energy, forneceu mais de um quinto do gás comercial do Reino Unido em 2020. Ela emprega mais de 300 pessoas em todo o Reino Unido, França e Holanda e abastece órgãos comerciais e públicos, incluindo partes do Serviço Nacional de Saúde.

O volume anual de energia fornecida pela área de varejo é cerca do dobro do volume entregue pela Bulb Energy, fornecedora doméstica atualmente administrado pela Teneo. Para o contribuinte, o custo desse resgate já está aumentando, pois os preços do gás e da energia continuam subindo.

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Em parte por causa de seu tamanho, é mais provável que a Gazprom Energy vá direto para a administração especial em vez de passar pelo processo de fornecedor de último recurso da Ofgem, usado para realocar os clientes de dezenas de fornecedores domésticos desde agosto. Até agora, apenas a Bulb passou pela administração especial, na qual os administradores gerenciam a empresa com dinheiro do governo para evitar um choque no mercado mais amplo.

Os clientes da Gazprom Energy não são protegidos pelo teto de preço da Ofgem, que limita o custo da energia apenas para residências. Se seus contratos forem reduzidos, muitos pagarão tarifas muito mais caras que a atuais.

--Com a colaboração de Irene García Pérez.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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