Guerra na Ucrânia: conflito deslocou 10 milhões de pessoas

Após quase um mês de invasão pela Rússia, refugiados ucranianos se deslocam internamente e pela Europa Ocidental

3,4 milhões de pessoas cruzaram as fronteiras para fugir da violência
Por Chris Reiter
21 de Março, 2022 | 11:40 AM

Bloomberg — Os ataques cada vez mais brutais da Rússia à Ucrânia movimentaram 10 milhões de pessoas – quase um quarto da população – de acordo com as Nações Unidas, e espera-se números cada vez maiores rumo à Europa Ocidental.

Embora a maioria tenha permanecido na Ucrânia, cerca de 3,4 milhões – principalmente mulheres, crianças e idosos – buscaram refúgio em outros países, incluindo mais de 2 milhões de pessoas na Polônia, segundo dados da ONU.

A invasão da Ucrânia pela Rússia está se aproximando da marca de um mês, e os ataques a alvos civis não devem diminuir, aumentando os riscos de que mais refugiados tentem fugir. A cidade sitiada de Mariupol, no sul, está sob forte bombardeio, e a Ucrânia acusou as forças russas de impedir a ajuda humanitária.

À medida que a guerra avança, é provável que mais pessoas saiam de abrigos temporários perto da fronteira. A maioria das 500 mil pessoas que cruzaram a fronteira para a Romênia foram embora, e apenas cerca de 80 mil permanecem no país.

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A Alemanha se prepara para receber até 1 milhão de refugiados – cerca do triplo da expectativa anterior de 340 mil, segundo relatório do jornal Bild. Na segunda-feira (21), mais de 225 mil refugiados ucranianos chegaram à Alemanha, segundo o Ministério do Interior.

Entre as responsabilidades daqueles que fazem a guerra está o sofrimento causado aos civis forçados a fugir de suas casas. A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões fugiram – viajando pelo país ou se tornando refugiados no exterior.

Se o número de pessoas se aproximar de 1 milhão na Alemanha, seria um lampejo da crise de refugiados em 2015 – desencadeada pela guerra civil na Síria, na qual a Rússia forneceu apoio militar ao governo. No entanto, algumas diferenças seriam gritantes.

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O apoio público à Ucrânia é generalizado na Europa, facilitado pela compaixão devido aos ataques e pela proximidade geográfica e cultural. Países como Hungria e Polônia, que rejeitaram os refugiados majoritariamente muçulmanos da Síria, abriram suas portas para seus vizinhos ucranianos.

“Eles continuam morrendo pela Ucrânia por causa de um maldito anão que quer guerra, quer testar suas armas em nós”. Soldado ucraniano Alexander fala enquanto procura por sobreviventes em um quartel marinho destruído por um aparente ataque de foguete russo.

A reação diminui qualquer uso potencial, por parte do presidente russo Vladimir Putin, de usar os refugiados como arma. Após a tensão política causada pela crise síria, os aliados do Kremlin têm brincado com a questão.

No ano passado, a Alemanha acusou o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, de usar imigrantes para retaliar as sanções da União Europeia, canalizando pessoas do Iraque, Síria, Iêmen, Irã e Afeganistão para sua fronteira com a Polônia e para a Alemanha.

Em vez de temer o influxo de refugiados ucranianos, há preocupação com seu bem-estar e proteção. Centenas de voluntários ajudam a providenciar comida e moradia para milhares de pessoas que chegam da Ucrânia diariamente em cidades como Berlim, Budapeste, Varsóvia e Bucareste.

No antigo aeroporto de Tegel, em Berlim, até 3 mil ucranianos podem permanecer por até três noites, e um centro de registro foi criado para processar pedidos de asilo para 10 mil pessoas por dia. Após registrados, esses refugiados serão distribuídos por toda a Alemanha para aliviar o fardo.

A maior economia da Europa também intensificou a presença policial nas estações de trem para proteger os ucranianos de agressões sexuais ou ofertas de moradia falsas, segundo a ministra do Interior, Nancy Faeser.

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“Ninguém deve se aproveitar do sofrimento das pessoas que fugiram dos bombardeios de Putin”, disse ela no Twitter. “Qualquer pessoa que tenta tirar vantagem da situação dos refugiados deve saber que vamos reagir com todo o poder da lei”.

--Com a colaboração de Irina Vilcu, Michael Nienaber, Iain Rogers e Piotr Skolimowski.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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