Milho: Brasil acelera colheita, mas perdas no RS são irreversíveis

Ritmo dos trabalhos está mais acelerado, mas estiagem na região Sul já leva produtividade a ser 50% menor em alguns Estados

No Rio Grande do Sul, perdas de 50% na produtividade já são irreversíveis
22 de Fevereiro, 2022 | 07:07 AM

Blooomberg Línea — O colheita da primeira safra de milho no Brasil está em um ritmo mais acelerado do que nos últimos dois anos. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que 22,2% da área plantada com o cereal já havia sido colhida até a semana passada. No mesmo período do ano passado, o milho já tinha sido colhido em 19,9% da área.

Bahia e Minas Gerais ainda não começaram a colher a safra de milho deste ano, mas o principal problema está no Rio Grande do Sul. Com mais da metade da área plantada colhida, as perdas já superam 50% do potencial inicialmente projetado e são consideradas irreversíveis. Em Santa Catarina, os trabalhos superam 65% e a queda no rendimento provocada pela falta de chuvas está se intensificando.

No que se refere à segunda safra de milho, o plantio já cobre 46,4% da área projetada. Em Mato Grosso, já foi semeada mais de 70% da área dedicada à segunda safra do cereal. O plantio só não se intensifica porque a colheita da soja no Estado perdeu um pouco do ritmo devido às chuvas que atingiram a região nos últimos dias.

No caso da soja, o plantio deste ano foi concluído com aproximadamente uma semana de atraso. Rio Grande do Sul e Maranhão que ainda possuíam pequenas áreas a serem semeadas encerraram seus trabalhos na semana passada. Praticamente todos os Estados estão em um ritmo mais acelerado do que o registrado no mesmo período do ano passado.

O ritmo de colheita só não é mais intenso porque as chuvas que atingiram alguns regiões elevaram os índices de umidade de impediram que as colheitadeiras entrassem nas lavouras. Em Mato Grosso, as chuvas intensas e frequentes em todo o Estado provocaram atrasos na colheita, principalmente no Noroeste e Oeste. Já em Mao Grosso do Sul, no sentido oposto, grande parte das lavouras que estavam em enchimento de grãos adiantaram o ciclo e estão em maturação devido à falta de chuvas. No Paraná, os estádios de desenvolvimento continuam a se adiantar devido à seca e às altas temperaturas. No Rio Grande do Sul, a estiagem segue reduzindo o potencial das lavouras. Cerca de 80% da área está em florescimento e enchimento de grãos. Em Goiás, o ritmo da colheita avança, enquanto Minas Gerais e São Paulo progridem lentamente. No Matopiba, a colheita segue lentamente, com exceção de Tocantins, que alcança 40%.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.