Afegãs devem voltar às universidades após reabertura pelo Taliban

Grupo militante assumiu o governo do Afeganistão em agosto de 2021 e, desde então, luta para ser reconhecido internacionalmente

No entanto, deverão estar cobertas da cabeça aos pés e serão separadas dos homens
Por Eltaf Najafizada
02 de Fevereiro, 2022 | 12:53 PM

Bloomberg — Alunas afegãs retornarão às salas de aula segregadas por gênero segundo leis islâmicas rígidas, já que o governo do Taliban começou a reabrir as universidades públicas depois de quase seis meses.

As instituições de ensino em áreas não prejudicadas pelas temperaturas extremas do inverno abrirão nesta quarta-feira (2), disse Mohammad Edris, assistente do ministro do Ensino Superior Abdul Baqi Haqqani, por telefone. A decisão foi tomada enquanto o grupo militante continua pressionando por reconhecimento internacional de seu governo.

As universidades em áreas atingidas por nevascas devem voltar às atividades em 26 de fevereiro, segundo Edris. Estudantes do sexo feminino terão que ficar cobertas da cabeça aos pés, acrescentou.

O anúncio ocorre no momento em que o Parlamento Europeu realiza uma conferência de alto nível que termina na quarta-feira para discutir a situação “preocupante” das mulheres afegãs desde que o Taliban assumiu o poder no ano passado. O chefe da ONU, Antonio Guterres, também pressionou o grupo militante a garantir que meninas e mulheres tenham acesso a educação e emprego.

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Reabrir universidades e permitir que mulheres retornem poderia levar o grupo e seu governo mais perto de uma aparência de reconhecimento e legitimidade.

Durante os 20 anos de ocupação dos Estados Unidos, os auxílios internacionais constituíram mais de 40% da economia do Afeganistão. Esse auxílio foi interrompido abruptamente depois que o Taliban assumiu a liderança do país no ano passado. Washington também tentou impedir o grupo de ter acesso a cerca de US$ 9 bilhões em ativos afegãos em bancos americanos e europeus.

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O Talibã está “afrouxando algumas de suas duras normas” sobre os direitos das mulheres para estimular o mundo a “reconhecer o grupo, retomar a ajuda ou liberar os fundos congelados”, disse Ahmad Massoud, professor da Universidade de Cabul, por telefone.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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