Afinal, o que é um NFT? Veja como surfar na onda de cripto do momento

Tudo o que você precisa saber para se aventurar no novo mundo que, segundo o Morgan Stanley, deve chegar a US$ 240 bi até 2030

Celebridades e marcas já aderiram à nova moda do mundo virtual
29 de Janeiro, 2022 | 02:02 PM
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Bloomberg Línea — O termo NFT está sendo pesquisado mais do que nunca no Google. Sua popularidade já cresceu exponencialmente ao longo de 2021, a ponto de o dicionário Collins a eleger como a palavra do ano. Esse pico também se expressa em rios de dinheiro: até 15 de dezembro do ano passado, US$ 41 bilhões haviam sido gastos em NFTs, segundo cálculos da Chainalysis. Para dar dimensão ao valor, a Microsoft (MSFT) gastou US$ 67,8 bilhões com a Activision (ATVI) no que foi a maior compra que a empresa já fez em sua história.

E não para por aí. Um relatório do Morgan Stanley (MS) calculou que até 2030 o mercado total de NFTs pode chegar a cerca de US$ 240 bilhões – praticamente o mesmo valor que economias latino-americanas como a Colômbia produzem em um ano inteiro. Segundo a multinacional, essa é uma janela de oportunidade para marcas de luxo, a exemplo da Dolce & Gabbana, que vendeu nove NFTs por US$ 5,7 milhões. Só o segmento de luxo pode representar um mercado de US$ 56 bilhões.

Por isso, é cada vez mais comum ouvir falar de coleções vendidas por milhões de dólares por celebridades como Eminem, Paris Hilton ou Jimmy Fallon ou até marcas como Nike (NKE) e Adidas (ADS) gastando dinheiro em uma foto de um macaco com a cara de chato, um personagem punk ou imagens feitas em colaboração com o artista japonês Takashi Murakami.

A Bloomberg Línea apresenta este guia para que você possa surfar em uma das ondas do momento sem medo de perdê-la por não saber do que se trata.

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O que é um NFT?

NFT é a sigla em inglês para “tokens não fungíveis”. E esta é a chave para entender o conceito que justifica vendê-los por milhões de dólares. Um bem fungível, em economia, é um ativo que se deteriora à medida que é consumido, mas que pode ser intercambiável ou substituído. Um ingresso ou um par de sapatos que se desgastam ao longo do tempo são bons exemplos.

Por sua vez, um ativo não fungível significa que este não pode ser substituído e que é único no mundo. Pense no quadro da Mona Lisa. Se você tiver a oportunidade de visitar o Museu do Louvre ou apenas pesquisar por ele no Google, pode ter uma foto do quadro ao alcance dos dedos. Mas a única versão original do mundo está em Paris.

O avanço da internet e a chegada da tecnologia blockchain permitiram a criação de ativos digitais que vão desde o famoso bitcoin (BTC) até o universo virtual atualmente conhecido como metaverso. E agora também permite a criação de certificados de propriedade virtual que garantem que você seja o proprietário de algum ativo no mundo digital. Pense na escritura de uma casa ou no documento físico de um carro.

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Os NFTs são esse documento que comprova que você é o único proprietário de um ativo. Por meio da tecnologia blockchain, a transação é registrada e serve como prova de autenticidade e propriedade.

Essa exclusividade e a lei da oferta e procura acabam impulsionando os preços que vemos hoje. “Não podemos descartar a exclusividade dos NFTs, é da natureza humana ansiar por algo original que as pessoas possam reivindicar como seu. Os NFTs exploram esse desejo das pessoas e permitem que elas possuam ativos digitais de uma maneira que não podiam antes”, disse James Edwards, editor de criptoativos da plataforma Finder.

Como um NFT é criado?

Para criar um NFT, são necessários vários passos. Primeiro, o ativo que você deseja certificar. Pode ser uma obra de arte, uma música, um GIF ou uma foto. Depois, você terá de escolher a rede blockchain na qual deseja registrar o token. A Ethereum é a mais utilizada, embora com o tempo outras tenham surgido no mercado, como a bSC (Binance Smart Chain), Polkadot, Tron, Tezos, entre outros.

Você deve selecionar a plataforma na qual deseja fazer o processo. Pode ser a OpenSea ou a Rarible (duas das opções mais populares) se você for usar Ethereum ou a BakerySwap, a Juggerworld e a Treasureland, se for usar BSC.

Você precisará de uma carteira habilitada para negociar o token da rede escolhida, cujas opções incluem a Binance Chain Wallet ou a MetaMask. Lembre-se de que a maioria das transações é feita em Ether (ETH), a segunda maior criptomoeda por capitalização de mercado, portanto, você precisará de vários desses criptoativos, pois, em alguns casos, poderá ser cobrada uma taxa pela cunhagem do NFT.

“Os volumes de NFT não diminuíram, pois o OpenSea está a caminho de chegar ao maior volume mensal de sua história. O fato de o mercado de NFTs ser afetado somente pelo preço do Bitcoin mostra como o Bitcoin está perdendo seu papel de líder de mercado”, disse à Reuters Marcus Sotiriou, corretor de ativos digitais da GlobalBlock, com sede no Reino Unido.

Após escolher a plataforma, você terá de seguir os passos estabelecidos por ela, o que pode ser tão fácil quanto anexar um arquivo e pagar uma comissão.

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Como vender e comprar um NFT?

Para vender um NFT, o processo depende da plataforma escolhida. O OpenSea é o mercado mais popular, com mais de US$ 16 bilhões em criptomoedas recebidos em 2021, de acordo com o relatório NFT Market Report da Chainalysis. Se quiser fazê-lo por meio dessa plataforma, depois de selecionar o arquivo que deseja transformar em NFT, siga os passos indicados, que incluem a possibilidade de estabelecer um preço e definir o tipo de venda.

Este último oferece a opção de estabelecer um custo fixo ou agendar um leilão. Nesse caso, os compradores farão lances até que o preço mais alto seja escolhido. A plataforma também possibilita definir uma duração para o processo de venda (um dia, três dias ou uma semana) e até reservar o item para um comprador específico.

Novamente, lembre-se que poderão ser cobradas comissões. É importante entender a chamada tarifa ou taxa de gás. Segundo a Binance Academy, as transações no blockchain não são gratuitas, pois incluem um conceito chamado gás, que é “uma medida do combustível computacional necessário para uma interação com o blockchain”.

Toda vez que você interage com uma rede blockchain, precisa usar uma certa quantidade desse “gás”, cujo preço varia naquele momento, e que vai impactar na comissão que a plataforma que você está usando pode cobrar. A Binance Academy explica que essa comissão remunera os mineradores que fazem o trabalho computacional de registrar as transações.

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“O OpenSea permite que os criadores cunhem NFTs sem pagar nenhuma taxa de gás, pois o NFT não é transferido para o blockchain até que a compra seja feita. O OpenSea também recebe 2,5% após a venda do NFT. Para itens de preço fixo, o comprador paga a taxa; para itens leiloados, o vendedor paga”, acrescenta o portal especializado Beincrypto.

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Ao comprar o NFT, não esqueça que você precisa de uma carteira de criptoativos e tokens da rede onde está procurando o NFT. Além disso, o token pode ter um preço fixo ou ser objeto de um leilão, então você deve esperar que sua oferta seja a mais alta.

Embora o uso do ether seja o mais popular, outras opções estão começando a surgir. A Coinbase Global (COIN) vai lançar uma plataforma para NFTs e já disse que vai permitir que os usuários façam compras através de cartões Mastercard (MA) sem ter criptomoedas.

“Hoje em dia, se quiser comprar um NFT (como uma obra de arte digital), primeiro você precisa abrir uma carteira de criptomoedas, comprar criptomoedas e depois usá-las para comprar um NFT em um mercado on-line”, escreveu em uma publicação Raj Dhamodharan, da Mastercard, que lidera as parcerias de blockchain e ativos digitais da empresa. “Acreditamos que o processo deveria ser muito mais fácil. Isso garantirá que os NFTs sejam acessíveis para todos”.

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Whitelists

Além de executar a transação, há outras coisas para levar em consideração. “Os NFTs representam uma das áreas mais empolgantes e de crescimento mais rápido do mundo das criptomoedas e se tornaram especialmente populares entre os investidores de varejo. No entanto, quem deseja colecionar e negociar NFTs deve entender que o mercado é competitivo”, diz o documento da Chainalysis.

É que, como qualquer plano de negócios, existem estratégias definidas que podem garantir o sucesso da sua compra ou venda. Os criadores de NFTs realizam uma espécie de campanha de expectativa muito antes de os primeiros ativos digitais começarem a ser publicados. Neste ponto, os serviços da rede Discord ou as publicações no Twitter são essenciais.

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Cada criador reúne diversos seguidores que o ajudam a promover seu ativo e que, segundo a Chainalysis, podem ser recompensados ao serem incluídos em uma “whitelist” – uma lista de permissões – na qual podem comprar NFTs a um preço mais baixo que outros usuários.

“A inclusão nessa lista não é apenas uma recompensa nominal, mas acaba se tornando resultados de investimento muito melhores. Os dados do OpenSea mostram que os usuários que entram nessa whitelist e posteriormente vendem seus NFTs recém-criados obtêm lucro 75,7% das vezes, contra apenas 20,8% dos usuários que o fazem sem serem incluídos na lista”, diz Chainalysis.

Além disso, 51% das vendas realizadas pelos compradores incluídos na whitelist se traduzem em um lucro igual ou superior a duas vezes o investimento inicial. “A lista oferece uma recompensa financeira significativa para quem participa do sucesso de um projeto de NFT, pois contribui para os esforços iniciais de crescimento da comunidade”, conclui o relatório.

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Para quê posso utilizar NFTs?

Nessa dinâmica, as NFTs podem ser algo mais do que uma simples foto de perfil em uma rede social. No que diz respeito aos artistas, eles podem apostar na venda de obras de arte ou músicas por meio desse formato e até programar o recebimento de royalties cada vez que elas forem vendidas novamente.

Além disso, por sua própria conta e risco, a prática pode ser uma opção de investimento: comprar um token e revende-lo por um preço mais alto.

Por outro lado, as coleções NFT oferecem benefícios extras como acesso a uma comunidade on-line, itens de edição limitada, eventos físicos ou virtuais e até mesmo direitos comerciais sobre os ativos adquiridos.

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Muitas empresas já estão entrando para esse mundo. A Adidas lançou uma edição limitada de NFTs depois de fazer parceria com as coleções mais populares, que incluirão a venda de mercadorias físicas.

Além disso, há exemplos como o jogador da NBA Stephen Curry, que lançou uma coleção de NFTs com réplicas digitais dos tênis que usava quando quebrou o recorde de arremessos de três pontos. Sua peculiaridade é permitir que uma pessoa os compre e depois os use em vários jogos ou experiências virtuais.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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Carlos Rodríguez Salcedo (BR)

Jornalista colombiano, especializado em economia. Fui jornalista e editor do jornal La República, com experiência em questões macroeconômicas, comerciais e financeiras. Eu também trabalhei para a agência de notícias Colprensa.