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Contar histórias e ouvir com atenção são chave de sucesso de startups

O sucesso de uma startup depende de uma narrativa forte que capture o futuro de uma empresa de forma a inspirar funcionários, clientes e investidores

Tempo de leitura: 4 minutos

Ideias Bloomberg Línea — Carlos Garcia conta a história de sua startup sempre que pode. Seja para um possível funcionário, cliente ou investidor, o CEO e fundador da startup de vendas de carros usados Kavak nunca perde a chance de criar expectativas sobre o primeiro unicórnio do México, recentemente avaliado em quase US$ 9 bilhões.

Se você já conheceu um CEO de uma startup bem capitalizada, conheceu um grande narrador de histórias, mas essa habilidade é só a ponta do iceberg. Os melhores empreendedores que conheci conseguem galvanizar equipes e investidores com visão, ao mesmo tempo em que olham para o futuro e traçam um caminho para o sucesso.

“Pense como se fosse um diretor de cinema e tenha uma visão completa da situação”, diz Garcia. Steven Spielberg vê o filme em sua cabeça, muito antes do início das filmagens. Da mesma forma, os fundadores de startups devem saber que a manifestação do futuro depende deles.

Obsessão por crescimento e propósito

A primeira fase do storytelling é quando todos pensam que o fundador é louco. Os fundadores devem explicar sua ambição de forma a inspirar e atrair os primeiros parceiros a se juntarem a eles. “Se você não conseguir refletir profundamente sobre isso e contar essa história, não vai dar certo”, adverte Garcia.

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Compartilhar a ambição de alguém significa mostrar aos investidores como seu dinheiro e talento ajudarão um fundador a escalar para oferecer ao mundo um novo produto ou serviço de que precisa. Grandes fundadores têm a habilidade especial de imaginar um mundo que ainda não existe – de ver o futuro, como um cineasta – e também podem definir a estratégia para chegar lá. Isso significa ter uma visão para a primeira semana, primeiro mês e segundo ano desde o início, mesmo que isso mude ao longo do tempo.

Atrair uma equipe talentosa requer visão, mas Garcia diz que os primeiros recrutados geralmente ficam mais apegados a seu propósito – à história do porquê construir o que está construindo. Brynne McNulty Rojas, CEO da Habi, concorda. “As pessoas querem um propósito e querem construir algo maior do que elas mesmas”, diz ela.

O cofundador e CEO da Buser, Marcelo Abritta, observa como Earnest Shackleton recrutou homens para sua expedição à Antártica, afastando-os da narrativa de “perigo constante” e “frio intenso” e falando sobre “honra e reconhecimento em caso de sucesso”. Segundo Abritta, os fundadores precisam pensar nos funcionários como heróis de suas próprias histórias, abrindo espaço para as histórias de seus funcionários dentro de suas próprias histórias. “Isso é liderança”, diz.

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Tudo se resume a estratégia

Sonhar e fazer são duas coisas diferentes, é claro, e os fundadores precisam reconhecer a lacuna entre sua visão e a execução necessária para torná-la realidade. A coisa mais importante que qualquer equipe de uma startup pode fazer é simplesmente começar, experimentando e ajustando conforme necessário. O objetivo não é atingir 10 mil clientes na primeira semana, mas sim atingir 100 e ter um plano sólido para chegar a um milhão no futuro.

Criar um roteiro e estratégias para crescer exponencialmente o ajudará a ver que “escala é tudo”, como diz Garcia. E também mostrará o que você precisa e o que não precisa para chegar lá.

Os fundadores conseguem desenvolver sua visão e manter sua capacidade de storytelling apenas quando fazem parte da execução. “O storytelling nunca acaba”, diz Garcia. “Sempre estou tentando reduzir essa lacuna [entre visão e execução] e ser melhor a cada passo”. Uma parte importante desse processo é receber um feedback consistente e colocá-lo em prática.

Escute com atenção

Mesmo os maiores narradores precisam ouvir seu público e fazer alguns ajustes. As startups precisam ouvir os clientes, incorporando suas demandas ao que define o presente e o futuro da empresa.

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Cesar Carvalho, fundador e CEO do Gympass, por exemplo, tinha um modelo de sucesso para oferecer opções de exercícios acessíveis em academias... até que chegou a covid. Sua equipe poderia ter esperado a pandemia acabar para voltar à ativa. Mas ficou evidente desde o início que as pessoas precisavam de acesso a atividade física durante o lockdown, e seus clientes (academias), alguns dos quais estavam buscando maneiras de oferecer soluções por meio de aplicativos, precisavam de monetização. Então, em vez de esperar, a empresa acelerou o lançamento de uma plataforma digital para que usuários reservassem e pagassem pelo acesso a aulas de ginástica e ofereceram soluções digitais que vão da nutrição à terapia. Ao ouvir as necessidades de seus usuários, Carvalho e sua empresa conseguiram se adaptar e oferecer serviços de bem-estar durante o covid, remodelando para sempre o Gympass.

“Não importa o porte de sua empresa, você não pode parar de escutar seus usuários”, diz Carvalho. Segundo ele, fazer isso mudou seu modelo de negócios e “nos transformou em um unicórnio”.

Se observar qualquer startup de sucesso hoje, encontrará um fundador comprometido com um storytelling sólido que pode prever o futuro e traçar um roteiro para chegar lá. No entanto, uma grande liderança também exige a capacidade de ouvir as necessidades dos clientes e dançar conforme a música.

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Esta coluna não reflete necessariamente a opinião dos conselhos editoriais da Bloomberg Línea, da Falic Media ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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