Mercados renovam queda com atenção a balanços, dados macro e sinal de juro mais alto

Bolsas europeias já abriram com forte baixa, afetadas por contração da economia alemã; futuros de índices nos EUA começaram no azul, mas não resistiram à pressão

As variáveis que orientarão os mercados
28 de Janeiro, 2022 | 09:11 AM

Barcelona, Espanha — O mercado norte-americano bem que tentou começar o dia no azul, mas não resistiu. Na Europa, a queda generalizada é pressionada pela divulgação de que a economia alemã encolheu mais do que o esperado: caiu 0,7% no quarto trimestre, comparativamente aos três meses anteriores, contra expectativas de uma contração de 0,3%.

A taxa interanual do Produto Interno Bruto (PIB) alemão foi de +1,4% no último trimestre, contra projeções de +1,8% e +2,5% na leitura do trimestre anterior de 2021. O dado ofuscou o crescimento mais acelerado que o esperado nas economias da Espanha e da França.

O mercado tenta virar a página das repercussões sobre os sinais mais hawkish do Federal Reserve (Fed). À medida que isso acontece, os balanços corporativos tendem a recuperar o destaque. O cenário é de queda nos EUA, sobretudo entre as ações de tecnologia e de automóveis, apesar dos resultados recordes da Apple no trimestre e da alta destas ações no pré-mercado. A empresa de luxo LVMH SE e a varejista Hennes & Mauritz AB também divulgaram resultados robustos.

O mercado continua pedindo prêmios maiores para carregar os títulos do Tesouro de 10 anos. O petróleo também avança, caminhando para o sexto avanço semanal. O ouro tinha perdas e o bitcoin subia para níveis acima dos US$ 36.000.

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Semana nervosa

Em uma semana bastante volátil, nervosa e carregada de notícias relevantes, os operadores trataram de descontar nos preços dos ativos a sinalização mais agressiva do Fed na luta contra a inflação.

🏦 Após o discurso de Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano, o mercado ampliou de quatro para cinco suas apostas de aumento dos juros pelo Fed este ano – há quem considere a hipótese de até seis altas. Outras quatro subidas são esperadas do Banco da Inglaterra (BoE).

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📊 No mais, além do rescaldo das sinalizações do Fed, os investidores vão monitorar os resultados empresariais, que no geral têm sido favoráveis. Apple, por exemplo, chegou a subir 5% no after market ontem. As vendas recordes da gigante tecnológica indicam que esta foi capaz de lidar com uma crise na cadeia de suprimentos, agravada pela pandemia e pela escassez de chips.

🪖 No âmbito geopolítico, aumentam as possibilidades de uma saída não militar. As conversas entre Vladimir Putin e mandatários da Europa e dos Estados Unidos continuam.

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Um retrato dos mercados em mais um dia volátildfd

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,02%), S&P 500 (-0,54%), Nasdaq (-1,40%), Stoxx 600 (+0,65%), Ibovespa (+1,19%)

Os mercados de ações dos EUA tiveram mais um dia de forte instabilidade, com os investidores tratando de ajustar os preços dos ativos à mudança de atitude do Fed, que se mostrou ainda mais enérgico no combate à alta dos preços. O Nasdaq 100, referência em tecnologia, caiu para o menor nível desde junho. Apesar de seus excelentes resultados, as ações da Tesla Inc. cederam 12% depois que a fabricante de carros elétricos adiou o lançamento de novos modelos.

Na agenda

• EUA: Gastos pessoais, sentimento do consumidor da Universidade de Michigan

• Europa: agregado monetário (M3), Expectativas de Preços ao Consumidor

• Alemanha: PIB (4T21)

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• Balanços: Chevron, Caterpillar

No Brasil:

• IGP-M (janeiro), Taxa de Desemprego, Empréstimos Bancários (dezembro)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.