Chile: Rumos de ativos dependem de nomeações na equipe econômica

Novo presidente suavizou retórica e há um otimismo crescente sobre nomeação de ministro fiscalmente prudente

Mercado aguarda nomeações de Gabriel Boric na economia
Por Valentina Fuentes
20 de Janeiro, 2022 | 10:39 AM

Bloomberg — A continuidade de um início de ano espetacular para os ativos do Chile agora depende de um anúncio que será feito pelo presidente eleito Gabriel Boric na sexta-feira: o nome do ministro das Finanças.

Há semanas, os investidores se perguntam quem comandará a política econômica, apostando em candidatos como o atual presidente do banco central, Mario Marcel, e pessoas que já atuaram como reguladores no setor público, como Guillermo Larraín. Porém, ninguém sabe ao certo sobre as escolhas de Boric.

Ele suavizou a retórica esquerdista desde que venceu a eleição, em 19 de dezembro, e agora há um otimismo crescente de que o ex-líder estudantil, apoiado pelo Partido Comunista, nomeará um ministro das Finanças fiscalmente prudente. O peso chileno é a moeda importante de melhor desempenho no mundo este ano, com valorização de 5,2%, enquanto o índice acionário IPSA avançou 9,2% em dólares.

“Alguns acham que Mario Marcel tem boa chance”, disse Felipe Alarcon, economista-chefe da Euroamerica. “Seria incrível. O mercado comemoraria bastante.” Alarcon participou do evento Chile Market Chat da Bloomberg News, juntamente com Carolina Ratto, responsável por pesquisa de renda variável da Credicorp Capital, e Daniel Soto, estrategista-chefe de investimento da SURA Asset.

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É fácil ver por que Marcel, 62 anos, agradaria os investidores. Ele preside o banco central desde 2016. Antes de ingressar na instituição, ele dirigiu o orçamento público e trabalhou no Banco Mundial. Marcel tem proximidade com o Partido Socialista, mas, assim como os mercados, critica severamente os saques antecipados dos fundos de aposentadoria. Ele vem defendendo a autonomia do banco central enquanto o Chile elabora uma nova constituição.

As opiniões dos três especialistas sobre outros fatores importantes para os ativos chilenos são apresentadas a seguir.

Convenção constitucional:

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  • Todos os três concordaram que o órgão encarregado de reescrever a constituição vai aumentar incerteza este ano.
  • “O que tem dado tranquilidade ao mercado é o equilíbrio no Congresso. Se a convenção tentar mudar isso e convocar uma nova eleição legislativa em um sistema político reformado, seria o pior cenário possível”, disse Ratto.
  • Na visão de Alarcon, a convenção tem um consenso bastante amplo sobre a autonomia do banco central, mas ainda há preocupação com uma potencial mudança para um Congresso de câmara única.
  • Soto monitora até que ponto a convenção apoiará iniciativas ambientais. “Há uma espécie de radicalismo ecológico que poderia levar a um revés no investimento estrangeiro direto, atingindo o crescimento.”

Riscos internacionais:

  • O banco central dos EUA pode adotar uma postura ainda mais agressiva do que a indicada pelas autoridades nas últimas semanas, segundo os três analistas.
  • Se o Brasil for mal, isso afeta toda a América Latina porque a alocação dos fundos de mercados emergentes depende muito do Brasil, possivelmente restringindo fluxos para o resto da região, alertou Ratto.

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