Biden culpa Trump por invasão do Capitólio em 2021

No aniversário de um ano do ocorrido, presidente dos EUA busca aumentar seu índice de aprovação

Índice de aprovação caiu para 40%
Por Justin Sink
06 de Janeiro, 2022 | 02:39 PM

Bloomberg — O presidente Joe Biden culpou Donald Trump diretamente pela insurreição no Capitólio dos Estados Unidos há um ano, dizendo que o ex-presidente recorreu à violência para tentar reverter a eleição que perdeu.

Pela primeira vez em nossa história, um presidente não apenas perdeu uma eleição, mas tentou impedir a transferência pacífica do poder enquanto uma multidão violenta invadia o Capitólio”, disse Biden em um discurso nesta quinta-feira (6), marcando o primeiro aniversário da insurreição.

O presidente também pedirá aos legisladores que aprovem uma legislação eleitoral com o objetivo de refutar as mudanças pleiteadas pelos partidários de Trump em governos estaduais em todo o país que visam limitar o acesso ao voto para ausentes e fortalecer os requisitos de identificação.

Biden afirmou que depois que Trump incentivou o ataque ao Capitólio, ele se sentou “na sala de jantar privada do Salão Oval da Casa Branca, assistindo a tudo pela televisão sem fazer nada”.

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O discurso faz parte de um dia de cerimônias, com comentários da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, junto com outros democratas, e debates sobre democracia. Trump cancelou uma entrevista coletiva originalmente marcada para esta quinta-feira (6) em sua propriedade em Palm Beach, Flórida, a pedido de seus aliados.

A vice-presidente Kamala Harris disse, antes dos comentários de Biden, que a democracia americana continua em risco.

Ela aplaudiu os parlamentares por retornarem ao Capitólio após a manifestação para encerrar a contagem dos votos do colégio eleitoral, certificando a vitória de Biden.

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Invasão ocorreu em 6 de janeiro de 2021 durante a contagem de votos da eleição presidencial do paísdfd

O discurso de Biden, em um lugar que foi invadido há um ano por partidários de Trump que buscavam bloquear a certificação da eleição, é uma oportunidade retórica de reorientar sua presidência para longe das ondas de coronavírus, da luta dentro de seu partido e da inflação persistente. Biden, que raramente menciona seu antecessor desde que assumiu o cargo, pretende se concentrar em questões mais importantes, como a “batalha pela alma da nação” que descreveu em sua campanha eleitoral.

Recuperar o ímpeto político e o apoio dos eleitores moderados, horrorizados com o partidarismo severo e a retórica extremista que culminou no fatídico 6 de janeiro, será crucial para Biden. O novo ano será politicamente decisivo com as eleições de meio de mandato se aproximando.

A maneira mais simples para Biden reverter seus índices de aprovação pode ser reengajar-se com Trump como um obstáculo político. A aprovação do presidente caiu para apenas 40% dos americanos em uma pesquisa do USA Today/Suffolk divulgada na semana passada, motivada por independentes insatisfeitos com seu desempenho.

Prédio foi invadido por manifestantes republicanos em 2021dfd

O presidente e outros líderes democratas estão esperançosos de que o aniversário da insurreição possa aumentar as perspectivas de seu projeto de lei de direitos ao voto.

O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, disse que tentará novamente aprovar a medida nos próximos dias e pressionará por mudanças nas regras do Senado que dificultariam superar a oposição republicana se os legisladores republicanos utilizarem procedimentos obstrucionistas para impedir a aprovação.

No entanto, funcionários do governo também afirmaram que Biden se sentiu pessoalmente ofendido pelo papel de Trump ao encorajar seus partidários, que então foram ao Capitólio, e pelas posteriores tentativas de legisladores republicanos de minimizar ou evadir os eventos daquele dia. Biden aproveitará a ocasião para emitir um sério aviso sobre o flerte com comportamento não democrático.

Um porta-voz de Trump disse que as críticas de Biden foram uma cortina de fumaça para desviar a atenção de questões como o aumento da inflação.

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“Biden não conseguiu unificar seu próprio partido em torno de sua agenda radical, muito menos unificar o país em torno de soluções reais”, disse o porta-voz de Trump, Taylor Budowich, em comunicado. “Portanto, não é surpresa que o dia 6 de janeiro seja utilizado para dividir ainda mais nosso país”.

-- Com a colaboração de Mark Niquette, Billy House e Jenny Leonard.

-- Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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