Mochilas de dólares recuperam produção petrolífera na Venezuela

Companhia oferece contratos a empresas locais desconhecidas com a promessa de pagamentos em sucata ou bolsas cheias de dólares

A Petróleos de Venezuela (PDVSA) extraiu cerca de 908.000 barris por dia na semana passada
Por Fabiola Zerpa
08 de Dezembro, 2021 | 03:33 PM

Bloomberg — Em meio aos escombros da indústria petrolífera venezuelana, empresas perfuradoras alcançaram uma façanha que muitos duvidavam, mais que dobrando a produção de petróleo em um período de um ano.

A Petróleos de Venezuela (PDVSA) extraiu cerca de 908.000 barris por dia na semana passada, segundo pessoas a par do assunto. Com a cotação do barril perto de US$ 75, o movimento é uma tábua de salvação para um país abalado por sanções dos EUA e sete anos de recessão.

Para chegar lá, a PDVSA recorreu a medidas extremas. De acordo com pessoas com conhecimento direto desses passos, a companhia oferece contratos a empresas locais desconhecidas com a promessa de pagamentos em sucata ou mochilas cheias de dólares (as sanções limitam o acesso da Venezuela ao sistema bancário). Para reduzir sua folha de pagamentos, a estatal pressiona as contratadas a escalar funcionários da PDVSA para projetos de curto prazo.

A empresa não respondeu aos pedidos de comentário da reportagem sobre a produção ou a compensação das prestadoras de serviços.

PUBLICIDADE

A recuperação da produção colocou a meta de 1 milhão de barris diários ao alcance de Nicolas Maduro, presidente do país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.

“A PDVSA construiu novas parcerias que lhe permitem aumentar a produção”, disse Antero Alvarado, sócio-gestor da consultoria Gas Energy Latin America. Mesmo com problemas financeiros, a empresa “está pagando prestadoras de serviços em meio à elevação dos preços do petróleo, sanções e parceiros tradicionais que não conseguem cobrar dívidas da PDVSA”.

A produção venezuelana de 908.000 barris por dia é próxima à de Omã, no Oriente Médio. Nos anos dourados da década de 1990, a Venezuela extraía mais que o triplo desse volume.

PUBLICIDADE
Caminhões cheios de sucata fora da fábrica Corpoez em Guanta.dfd

Em novembro, mais de meio milhão de barris de petróleo venezuelano eram carregados diariamente nos navios. Embora o destino desse petróleo não esteja claro, milhões de barris foram parar na China por meio de táticas que incluem o transbordo de carga, empresas de fachada e sinais de satélite silenciados.

Muitas das companhias que fazem perfuração para a PDVSA trabalham de modo irregular devido à falta de financiamento e aos pagamentos atrasados, segundo fontes a par da situação. A estatal continua prejudicada por anos de má gestão, falta de investimento estrangeiro e sanções econômicas impostas durante o governo do ex-presidente americano Donald Trump.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Venezuela tem primeiras eleições regionais com oposição desde 2017

Venezuela: Eleições regionais têm violência e falta de mesários

Com crise na Venezuela, ouro retorna como meio de pagamento