Venezuela: Eleições regionais têm violência e falta de mesários

No estado de Zulia, ataque de homens armados deixou um morto e dois feridos no domingo (21)

Os venezuelanos foram às urnas neste domingo (21)
22 de Novembro, 2021 | 12:37 PM

Caracas — Às 9h20 da manhã de ontem (21), horário local (8h20 de Brasília), não foi possível instalar as urnas de votação do colégio Fray Luis Amigó em Colinas de Bello, a leste de Caracas. Os 143 mesários titulares e seus respectivos suplentes, credenciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, não compareceram.

O que parecia um caso isolado e atípico se repetiu em outros centros do país, o que gerou treinamentos intensivos para eleitores e testemunhas das diferentes vertentes políticas, bem como atrasos nas votações. “São irregularidades que foram resolvidas”, comentou o reitor do corpo eleitoral, Roberto Picón, da escola Dom Bosco, seu centro de votação em Altamira. Ele garantiu que 95% das urnas haviam sido montadas – às 11h20 (10h20 de Brasília). Ele desmentiu outras denúncias, como falhas na cédula na hora da votação.

Os assentos vazios nos grandes colégios de Caracas, para onde foram os militares da Guardia de Honor para votar, às 5h30 (6h30 em Brasília), representaram um elemento-chave do processo. Elas seriam um sinal da baixa participação, que, às 15h, estava em 38%, segundo a Plataforma Unitária, aliança política da oposição. Às 17h40, a Unidad Educativa Luis Espelozin, em Catia, havia registrado cerca de 1.452 eleitores presentes, de um total de 3.992 registrados.

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Na Escuela Experimental Venezuela, a presença foi de 24,87% na mesma hora. Ambos os colégios representaram uma pequena amostra do que também havia ocorrido no interior. Os chamados puntos rojos (postos governistas de verificação de votos) não estavam à vista, como prometeu o presidente do CNE, Pedro Calzadilla, mas pequenos grupos com pranchetas e sem identificação próximos de alguns centros de votação, recolhiam dados dos eleitores a favor do partido no poder. Essas denúncias teriam alertado as bases, que impuseram a ordem de evitar o fechamento antecipado dos centros.

Eleição com violência

No município de San Francisco, no estado de Zulia, a chegada de homens armados atirando de caminhões deixou um morto e dois feridos no entorno do colégio Eduardo Emiro Ferrer. Na mesma jurisdição, outro grupo armado disparou contra dirigentes à frente da Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão da oposição.

A tensão também ocorreu em Caracas, onde centros como o colégio San Francisco de Sales e San José de Tarbes, na paróquia La Candelaria, registraram ocorrências de opositores que enfrentaram mesários que se recusaram a fechar o centro, mesmo sem eleitores na fila. Houve panelaço, e uma comissão da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) tentou mediar.

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No estado de Carabobo, uma acalorada discussão entre o candidato da oposição a governador do estado e ex-exilado político, Enzo Scarano, e a coordenadora do centro, culminou no desmaio desta.

Presença de supervisores e Zapatero

Isabel Santos, chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE), liderou o monitoramento de supervisores europeus por toda a capital. No colégio Antonio Ortega Ordóñez, em Palo Verde, perto de Petare, mencionou a tranquilidade no desenrolar das eleições. “A participação foi muito tranquila e os problemas estão resolvidos, mas falaremos disso mais tarde no relatório que será apresentado na terça-feira (23)”, disse à imprensa local.

Por sua vez, Nicolás Maduro, após exercer o seu voto em Fuerte Tiuna, aproveitou para falar sobre o monitoramento de uma delegação europeia, que desde 2005 não ia à Venezuela, e afirmou que o comportamento até agora estava à altura e que ele esperava que assim continuasse para a apresentação do documento final, que incluirá recomendações.

José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente espanhol, convidado como supervisor pelo partido no poder, fez algumas declarações nas quais pediu à MOE-UE que conhecesse a Venezuela como ele o fez. Zapatero também atacou as sanções contra os membros do governo chavista.

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Raylí Luján

Periodista venezolana. Coordiné la edición impresa de El Nuevo País, escribí en el periódico El Nacional. He colaborado para medios digitales como Prodavinci y ganadora del Premio Roche 2021, por el trabajo colaborativo #HuirMigrarParir, junto a La Vida de Nos.